quarta-feira, junho 27, 2018

MUNDIAL À LUPA: A tradição já não é o que era... já a maldição do campeão do mundo...


E mais uma vez o campeão do mundo ficou pela fase de grupos. A maldição que ataca todos os detentores do título neste século (que encontra no Brasil a única exceção que confirma a regra) voltou a fazer das suas e acabou com a tradição alemã que, jamais na sua história, em 16 presenças, tinha sido eliminada na fase de grupos do Mundial.

Verdade seja dita, o desfecho é mais do que justo. A Alemanha teve uma participação muito má. Depois de ter caído perante o México na estreia, onde os mexicanos fizeram um grande jogo mas que não explica tudo, surgiu uma vitória no último segundo dos descontos contra a Suécia. Ao terceiro jogo, Low claramente não aprendeu com os jogos anteriores e manteve o esquema.

Mudam algumas peças, hoje com o regresso de Ozil e Khedira, por exemplo, mas sempre com Werner sozinho na frente, o que foi gritante nos jogos anteriores que não funcionava e nunca a Mannschaft conseguiu marcar um golo com esta fórmula.

A Coreia do Sul teve sempre uma postura muito defensiva, procurando num erro sair no contra-ataque, apostados na velocidade de ponta dos seus jogadores. Os asiáticos não deram muitos espaços lá atrás e durante quase toda a partida conseguiram evitar sobressaltos de maior ao seu guardião. Apenas numa ou noutra ocasião, saídas de bola a jogar na defesa resultaram em perdas para os alemães que, ainda assim, não conseguiram traduzir em claras oportunidades algum desses lances. E até tiveram a melhor ocasião da primeira parte num livre que Neuer defendeu mal para a frente e por pouco Min Son não conseguiu converter no primeiro.

Sem presença na área, fruto de grande mobilidade de Reus e Werner que constantemente saíam da zona de finalização, Low viu-se obrigado ao óbvio com poucos minutos do segundo tempo, colocar Gomez em campo tirando Khedira. O resultado foi um maior desequilíbrio da equipa, sem grandes resultados em termos ofensivos, e vários calafrios na sua defesa. Min Son e companhia passaram a desfrutar de muitos espaços e puseram a nu em vários lances a falta de velocidade dos alemães, que já tinha sido notória frente ao México.

As substituições de Low foram iguais às das duas partidas anteriores, colocou depois Muller por Goretzka e à entrada dos últimos 10 minutos Brandt por Hector. Só que desta vez o total desequilíbrio tático não resultou (e desta feita com 11 uma vez que com a Suécia os alemães estavam reduzidos a 10). Inversamente, abriu espaço ao descalabro.

É certo que nesta fase de total desespero já tinham surgido algumas chances, finalmente, para os alemães, mas aí surgiu Jo, o guardião coreano que havia brilhado nas anteriores partidas. Também a pontaria alemã voltou a ser pouca, em particular de Hummels que falhou pelo menos três golos de cabeça, um deles completamente sozinho no coração da pequena área, atirando para fora.

Já nos descontos, num canto em que os coreanos poucos homens tinham na área alemã, um erro de Kroos a tentar tirar a bola do alcance de um asiático, endossou-a para Young-Gwon que agradeceu e a um metro da baliza atirou sem hipótese para Neuer.



Sobravam seis minutos de desconto para aquela que seria a remontada mais épica da história do futebol alemão... se se concretizasse. Neuer esqueceu-se que era guarda-redes e foi jogar também na frente de ataque, tipo guarda-redes atacante no futsal. Obviamente o resultado foi uma bola despejada para a frente pela defesa da Coreia do Sul e o supersónico Min Son a correr sozinho em direção à baliza para encostar para o segundo e terminar com as já de si utópicas chances da Mannschaft.

Um desfecho que só surpreende quem não viu a Alemanha jogar no Rússia 2018. Uma equipa sempre muito lenta, pouco objetiva e sem presença na área. A antítese do habitual típico futebol alemão. E não foi por falta de valores nos 23 ao ponto de Leroy Sané, que era quem mais velocidade podia dar ao jogo, ter ficado de fora. O responsável pelo insucesso tem um rosto, o de Joachim Low.

E tivesse o México batido a Suécia e os coreanos até poderiam ter seguido em frente com este resultado. Terminar em último este grupo é algo que jamais um só alemão sonhou.

A maldição mantém-se e quem agora festejar a conquista do troféu Jules Rimet que festeje muito e se prepare, pois as probabilidades de ficar na fase de grupos no Catar 2022 parecem muito altas.

Man of the Match: Hyeon-woo Jo

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