sábado, junho 16, 2018

MUNDIAL À LUPA: Perú saboroso acabou na Cueva




Trinta e seis anos foi o tempo que o Perú levou para voltar a um Campeonato do Mundo de Futebol. Tempo a mais a ver pela qualidade que os homens de Ricardo Gareca exibiram. Que só não encontraram a glória pela manifesta infelicidade e falta de pontaria exibidas.

Os sul-americanos foram melhores do primeiro ao último minuto. Com um futebol de velocidade e repentismo, com um flanco direito em grande nível, com Advincula e Carrillo a deixarem a cabeça em água à defesa da Dinamarca, o Perú foi criando oportunidades atrás de oportunidades. A intensidade dos peruanos nunca deixou que os dinamarqueses respirassem e pudessem apresentar o seu futebol característico e muito menos permitir que Christian Eriksen, o melhor dos nórdicos, pudesse esplanar o seu futebol.

O sentido foi sempre o mesmo, o da baliza de Kasper Schmeichel, o filho do gigante que passou no futebol português ao serviço do Sporting que se estreou no Mundial de Futebol com uma exibição de mão cheia.

Tudo fazia adivinhar o golo do Perú mas a bola não entrava de maneira nenhuma. Quando à beira do intervalo foi assinalado pontapé de penalti a favor dos sul-americanos (depois de consulta do VAR pelo árbitro), o corolário do que se tinha passado parecia estar pronto a acontecer. Cueva foi derrubado por Poulsen mas o papel de vilão e de herói rapidamente se inverteu. O médio peruano atirou para as nuvens, enquanto o avançado do RB Leipzig respirava de alívio.

Na segunda parte, talvez ainda afetada pelo desperdício do castigo máximo, o Perú entrou menos afoito mas sempre por cima no jogo. Contudo, praticamente na única veleidade que deu a Eriksen, o médio do Tottenham correu meio campo e isolou Poulsen que vestia o papel do herói da partida ao apontar o golo na cara de Gallese, depois de quase ter sido o carrasco da sua seleção ao cometer o penalty.


Com trinta minutos pela frente a seleção sul-americano voltou ao registo que manteve ao longo de quase toda a partida, como se tivessem carregado baterias durante 36 anos. Um verdadeiro massacre dos peruanos, já com o Paolo Guerrero em campo. O veterano avançado ajudou a sua equipa a ser ainda mais perigosa na área e foi quem esteve mais perto do golo num remate de calcanhar que passou a milímetros do poste esquerdo de Schmeichel que nada podia fazer.

Até final, os peruanos tudo fizeram para conseguir pelo menos o empate mas nunca conseguiram ultrapassar o guardião dinamarquês que mostrou que os seus genes provêem de uma estirpe de guarda-redes superior.

Ficou consumada a primeira grande injustiça deste Campeonato do Mundo Rússia 2018 naquela que terá sido a melhor exibição de uma equipa nestes primeiros sete jogos do torneio.

Man of the Match: Kasper Schmeichel (Poulsen para a FIFA)

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