sábado, junho 16, 2018

MUNDIAL À LUPA: Como as novas tecnologias eliminam postos de trabalho (pena não ser o do Deschamps)


As novas tecnologias têm vindo a eliminar postos de trabalho em todo o mundo. A automação de tantas funções e o facilitismo que a tecnologia introduziu permitindo reduzir as necessidades humanas tiveram esta manhã em Kazan o paradigma perfeito transformado em jogo de futebol. E foi graças às novas tecnologias que a França conseguiu vencer a força operária dos australianos, primeiro num penalty do VAR e depois com um golo validado pela tecnologia da linha de baliza.

Uma França repleta de talentos viu-se e desejou-se para ultrapassar a compacta e abnegada formação dos país dos Cangurus. Sem ideias, sem profundidade nas laterais nem no centro do terreno, a França apenas conseguiu impor o seu jogo durante cinco minutos. Foi uma espécie de orgasmo precoce. É tão bom não foi?

A Austrália rapidamente juntou as linhas e tornou o futebol gaulês tão previsível que a quase totalidade dos 90' foi um bocejo. Até acabaram por ser os Socceroos a criar mais perigo, sempre de bolas paradas, fruto da sua excelente capacidade no jogo aéreo. No jogo corrido os australianos também nunca conseguiram incomodar, fruto da incapacidade ofensiva dos seus laterais, e do duplo pivot do meio-campo que não tem verticalidade e dependeu sempre de Rogic como roda giratória de todo o jogo ofensivo.

Contudo, defensivamente, os australianos foram praticamente perfeitos. Anularam por completo o trio de atacantes dos franceses, não lhes dando espaço nas costas onde podem desequilibrar, seja pela velocidade, seja pela qualidade técnica.



Um equívoco chamado Deschamps
Esta equipa gaulesa é mesmo um verdadeiro equívoco graças ao seu treinador Didier Deschamps. Tanto talento desperdiçado faz-me lembrar o que se passou com a Bélgica nos últimos grandes torneios mundiais e europeus, com Marc Wilmots no banco a aniquilar as hipóteses de sucesso de uma geração de ouro.

O antigo médio da França e da Juventus montou a sua equipa com dois laterais sem qualquer qualidade ofensiva (Sidibé estava em dúvida e Mendy esteve parado muito tempo, pelo que aqui ainda tem desculpa) e optou por deixar Matuidi no banco em detrimento de Tolisso. Esta escolha ditou uma equipa sem qualquer capacidade de ter movimentos verticais, onde através da condução se consigam desequíbrios. Resultado? Um jogo lento, previsível e dependente do trio de artistas da frente, onde Dembelé, apesar da velocidade, não tinha muito espaço para onde correr, em que Mbappé usou e abusou de fintas sem qualquer tipo de efeito prático, e Griezmann a tentar ser decisivo mesmo que pouca bola tenha tido para tal.

Por tudo isto, só mesmo de penalty a França chegaria à vantagem, num lance em que o VAR deu um ar da sua graça pela primeira vez neste Mundial. E bem! Decisão correta pois o derrube sobre Griezmann é visível nas imagens televisivas, pelo que o uruguaio Nicolas Taran não teve dúvidas em marcar o pontapé de penalty, que Griezmann não desperdiçou.

Adivinhava-se uma alteração no jogo, com a Austrália obrigada a subir e a poder abrir espaço nas costas da defesa para que o trio atacante dos gauleses pudesse finalmente ter espaço para mostrar o seu melhor futebol. ERRADO! Quatro minutos depois, um tremendo disparate de Umtiti, ao meter a mão à bola na sequência de bola parada, a dar penalty que Jedinak converteu repondo a igualdade.



Tudo voltava à mesma e era hora de Deschamps puxar dos galões de toda a sua inabilidade como treinador. Tirou Griezmann!? e Dembelé e chamou ao jogo Giroud e Fekir. Ao invés de colocar o médio do Lyon por Pogba ou Tolliso, preferiu manter o tridente do meio-campo que nada acrescentava ofensivamente ao jogo, pelo que a alteração foi uma mão cheia de nada.

O jogo não se alterou nada e só mesmo num lance caricato, com Pogba finalmente a romper pela área e a ver Behic tentar cortar mas a fazer um chapéu a Matt Ryan com a bola a bater sobre a linha de golo. O relógio do árbitro uruguaio não teve dúvidas e a França foi salva pela tecnologia. E lá levou a tecnologia a melhor sobre a força do trabalho humano...


Man of the Match: Trent Sainsbury (Griezmann para a FIFA - What???)

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