domingo, junho 17, 2018

MUNDIAL À LUPA: Speedy Gonzalez construiu o famoso muro de Trump


Antes de qualquer análise. Este foi de longe o melhor jogo do Mundial 2018 até ao momento. Um jogo que teve tudo, só faltaram mais golos para ser perfeito. Foi a vitória do Speedy Gonzalez que na primeira parte correu como só ele sabe e na segunda construiu o muro que Donald Trump tanto tem anunciado.

A equipa mexicana entrou a uma velocidade supersónica. Cada vez que recuperava a bola os homens de Osório arrancavam todos como se estivessem a ultrapassar a fronteira norte-americana com a patrulha fronteiriça atrás. Com o barco à Vela mais rápido que já vi, de seu nome Carlos, em constantes arrancadas, secundado por Lozano, Layun e Herrera, os centroamericanos entravam pela defesa alemã como queriam. Parecia a corrida de um Fórmula 1 contra um Volkswagen Polo. Há um lance em que chega a ser confrangedor ver Kroos tentar apanhar Vela mas a cada passo que dava, o mexicano afastava-se mesmo na condução da bola.

Foram muitos os lances similares, mas quase sempre o último passe não entrava, até que aos 35, Chucky Lozano, a estrela em ascenção do México, fez gato sapato de Kimmich e atirou imparável para o fundo das redes de Neuer. Finalmente se fazia justiça num jogo que tresandava ao Perú-Dinamarca da véspera, mas jogado a um nível superior.

Os alemães nunca conseguiram contrariar o excesso de velocidade dos El Tri e mantinham o seu jogo apoiado, de grande qualidade de passe mas a quem faltava alguém na área que pudesse ser referência para toda a construção que era feita a partir do meio-campo. Só mesmo num livre direto de Kroos, à beira do intervalo, os alemães estiveram à beira do empate, com um ligeiro toque de Ochoa a desviar o remate para a barra.

Na segunda metade o jogo transformou-se por completo, o Speedy Gonzalez mexicano perdeu as forças e preferiu construir um muro à imagem do que Trump quer construir. Mas este para evitar a entrada de alemães no seu território. Osório foi baixando cada vez mais a sua equipa, chegando a um ponto em que desistiu por completo de atacar, depois de já ter tido a oportunidade em dois ou três contra-ataques rápidos de matar o jogo.

Joachim Low tentou de tudo, meteu Reus, depois Gomez e por fim Brandt. Acabou o jogo sem defesa esquerdo mas nunca apostou no jogo direto. A equipa continuou a construir através de forma apoiada, com os jogadores muito próximos e com tentativas de passes curtos nas costas da última linha mexicana mas falta sempre uma ideia-chave para contornar o muro que o México havia construído.



A bola rondou a baliza de Ochoa constantemente, mas o amontoado de gente em frente à baliza do cabeludo guardião nunca permitiu que os alemães transformassem em golo o absoluto domínio que tiveram em toda a segunda metade.

Repetiu-se assim a derrota do campeão do mundo na estreia, como há quatro anos, quando a Espanha caiu aos pés da Suíça. O Estádio Luzhnky transformou-se em definitivo no Estádio Azteca (desde o primeiro minuto a festa dos mexicanos foi gigante, com olés a ouvirem-se com cinco minutos de jogo e 0-0 no marcador).

Alguém se lembra agora da polémica festa com prostitutas antes da partida dos mexicanos para a Rússia?

Man of the Match: Hector Herrera (Lozano para a FIFA)

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