quarta-feira, junho 22, 2016

Ode à bravura


O nome de Portugal faz parte da história do mundo. Porque durante anos o dominámos. Éramos os mais destemidos. Os mais aventureiros. Os mais corajosos. Íamos mais longe que os outros. E não olhávamos para trás. Porque assim são os líderes. Assim são os bravos. Aqueles que vencem!

Fernando Santos devia olhar para a história de Portugal quando se senta no banco de suplentes da Seleção de todos nós. Se os seus antepassados tivessem a sua bravura e a sua coragem, nunca teríamos dobrado o Cabo da Boa Esperança. Nem chegado à Índia. Ou descoberto o Brasil. Tínhamos ficado ali pelo norte de África. Voltávamos para trás e já estava bom. Até porque o objetivo era descobrir qualquer coisa, não interessava o quê...

Aquilo que se passou hoje nos últimos 10/15 minutos da partida foi mais vergonhoso que qualquer prestação de Portugal numa fase final de um Europeu ou Mundial de que me lembro. Portugal fez parte daquele que era provavelmente o mais fraco grupo da história dos Europeus de Futebol. E não venceu um jogo. Passou a jogar como um qualquer Arrentela nos minutos finais, a não procurar a vitória, satisfeito com um empate a 3 bolas contra uma equipa fraca do Velho Continente, arriscando ficar no 2º lugar que a deixava na pior metade da tabela dos oitavos, sem sequer procurar fugir aos tubarões.

Justificou Fernando Santos que o que interessava era passar. Pobre argumento de um treinador cuja carreira é marcada por um deserto de títulos, onde se salva um título de campeão no FC Porto, duas Supertaças e duas Taças de Portugal numa altura onde o difícil era perder títulos no clube que dominava o panorama do futebol português. Algo que o Engenheiro do penta conseguiu em dois anos seguidos!

Simpatizo muito com a figura simpática de Fernando Santos. Parece-me boa pessoa, de enorme respeito e educação e isso nos dias que correm é de valorizar. Até porque outros há, muito competentes, mas cuja educação e respeito são bola. Porém, o Engenheiro é curto para estas andanças e hoje isso foi gritante.

Preparou uma equipa na fase final de preparação em 4-4-2, mas ao fim de um empate contra a Islândia mudou para o 4-3-3 frente à Áustria. Nesse segundo jogo fez uma excelente exibição apenas penalizada pela ineficácia. A equipa funcionou mas a bola não entrou. Nem sequer de penalti. Vai daí e muda para o 4-4-2 novamente frente à Hungria, a dar ideia de uma equipa completamente à deriva em termos estratégicos.

O jogo de hoje foi uma anarquia tática, mas espetacular em termos de golos e emotividade. Só que isso é bom para os espectadores, não para quem gere a equipa. Apareceu Cristiano Ronaldo, com dois belos golos, especialmente o primeiro, mas organização não houve. Houve falhas constantes em termos defensivos. Isto frente a uma Hungria que se deu ao luxo de poupar quatro titulares!!

A defesa pareceu um queijo suíço, cheio de buracos, com os sectores super longe uns dos outros. Fernando Santos insistiu num Moutinho que é uma sombra do passado recente e só ao intervalo, finalmente, lançou Renato Sanches que rapidamente justificou a aposta, dando profundidade e progressão à equipa, de forma rápida e acutilante. Entrada que permitiu soltar João Mário para os melhores 45 minutos no Euro 2016. O médio do Sporting esteve em grande nível quando se soltou com Renato a seu lado. Depois da saída de André Gomes ainda cresceu mais pois começou a fazer os movimentos interiores habituais em Alvalade e onde se sente mais confortável.

João Mário acabou por ser o maior destaque da equipa atrás de Ronaldo, que com dois golos e uma assistência foi sem dúvida a figura da partida. Quaresma entrou bem no jogo e Nani com mais um golo esteve nalguns dos melhores momentos da equipa. De resto, pouco há a destacar. Vieirinha e Eliseu foram dois passadores nas laterais, os centrais acabaram por ser vítimas de toda a desorganização defensiva da equipa e William Carvalho fez lembrar Danilo no jogo de estreia, numa exibição muito fraca, depois de excelente prestação no jogo anterior. De Moutinho já falamos acima e André Gomes, que tem estado em plano de destaque, pareceu não estar no seu melhor, talvez fruto da lesão que o deixou em dúvida até à hora do jogo. Hoje esteve completamente desastrado e a ver pelo seu nível exibicional, devia ter ficado no banco.

Mal ou bem, Portugal seguiu em frente, num grupo fraquíssimo e sem vencer um jogo. Agora a competição volta a partir do zero, mas sem margem de erro. Agora é o mata-mata e se o nível for o mostrado até agora, nem estando no lado "bom" do quadro dos oitavos a esperança é grande. Pela frente está a Croácia, que tem sido um dos destaques deste Euro. A tarefa não é fácil, mas entre Croácia e Bélgica, pessoalmente acho preferível os croatas pois os belgas têm um potencial imenso, mesmo não tendo provado de forma inequívoca todo o seu valor na fase de grupos. Muito por culpa do seu fraco treinador, na minha opinião.

Sábado à noite tiram-se as teimas. Ou o sonho (ainda há sonho?) vira pesadelo ou caso sigamos em frente, poderemos estar logo com um pé nas meias pois o adversário seguinte sai de um Suíça-Polónia, onde ambas as equipas não metem medo a ninguém. Mas também alguém diria que não venceríamos um jogo deste grupo e passaríamos entre os melhores terceiros??

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