sexta-feira, junho 17, 2016

Great Britain


Foi um dia com dois embates com muita história. Destaco o jogo entre britânicos, um grande (great) jogo, ao nível do nome em inglês do Reino Unido. E não foi só dentro do campo, pois nas bancadas, a festa foi enorme, ou não estivéssemos perante a pátria que deu origem ao desporto-rei.

A Inglaterra precisava de uma vitória, depois do empate na estreia frente à Rússia, que surgiu apenas nos descontos, de forma amarga para os ingleses, que venciam antes do fatídico golo à beira do fim. Hoje, foi a sua vez de beneficiar de um tardio para poderem festejar.

Foi o corolário de uma grande segunda parte, mérito de Roy Hogdson, que ainda há dias era considerado um fraco treinador pele cérebro Jorge Jesus, ao comentar o particular entre ingleses e Portugal em Wembley. O veterano técnico soube ler na perfeição o jogo e deu a volta ao texto ao intervalo, mexendo com mestria numa equipa até então apática, sem qualidade no último terço do terreno e que perdia por 0-1 graças a uma bomba de livre do abono de família dos gauleses, Gareth Bale, num remate onde Joe Hart não ficou nada bem na fotografia.

Se até então os galeses tinham sido a melhor equipa, ainda que sem deslumbrar, na segunda parte assistiu-se a um verdadeiro massacre inglês. Vardy, o herói do campeão Leicester, e Sturridge, avançado do Liverpool, entraram para o lugar de Sterling e Kane, duas nulidades até então, com o primeiro a falhar de forma escandalosa o que deveria ter sido o golo inaugural da partida.

Nota para o novo posicionamento de Rooney, como 8, repleto de voluntarismo e abnegação, sem qualquer ponta de vedetismo, a dar tudo pelo seu país, como um capitão o deve fazer. Destaque também para a estreia do menino prodígio do Man Utd, Marcus Rashford, que assim se tornou o mais jovem deste europeu a jogar, superando o português Renato Sanches.

As alterações de Hogdson resultaram na perfeição, Vardy foi oportuníssimo ao aproveitar um mau corte do capitão Williams que o deixou na cara do guardião dos gauleses e Sturridge deu a dinâmica que faltou na primeira metade. As oportunidades sucederam-se mas o golo da vitória e que garante a liderança aos ingleses no final da segunda jornada apenas surgiu nos descontos.


Anexação da Alemanha
O título talvez seja demasiado exagerado pois o resultado foi um nulo, mas a verdade é que dentro das quatro linhas, a Polónia refez a história da segunda Guerra Mundial. Hoje foi a vez de anexar por completo os alemães, com os campeões mundiais a quase não conseguirem criar perigo junto da baliza de Fabianski. Os polacos souberam anular o jogo ofensivo dos germânicos e foram sempre mais perigosos. "Só" faltou maior inspiração na finalização, com a estrela da companhia, Lewandowski, frente a vários dos seus companheiros de clube, a ter uma noite desinspirada. Mas o pior foi mesmo o incrível falhanço do seu companheiro de ataque, Milik, que havia sido o herói da estreia, ao marcar o golo da vitória sobre a Irlanda do Norte, e que hoje falhou a menos de 2 metros da baliza de Neuer, com o guarda-redes dos alemães já batido.

O nulo engana, pois o jogo foi intenso, bem jogado e com oportunidades claras de golo, especialmente dos polacos, mas ficará para a história como primeiro nulo do Euro 2016.


Adeus Ucrânia
A surpresa do dia foi a vitória da Irlanda do Norte, que bateu a Ucrânia por 2-0, depois dos homens de leste terem dado tão boa impressão de si frente à Alemanha, onde um inspirado Neuer foi fundamental para a vitória dos campeões do mundo. Desta feita, com a obrigação de assumir o jogo, os ucranianos não estiveram à altura. Os norte-irlandeses souberam aproveitar o contra-ataque para levar a melhor e conseguirem uma inédita vitória numa grande competição. A perder por 1-0, a Ucrânia tudo fez para chegar pelo menos ao empate, numa partida marcada pela intempérie, cujo granizo chegou a obrigar a uma paragem e recolha ao túnel por um par de minutos. Mas esse esforço revelou-se infrutífero, pois foi mais com o coração do que com a cabeça, com as duas maiores estrelas, Konoplyanka e Yarmolenko, a serem insuficientes. O desespero dos ucranianos acabou por ser fatal, permitindo o golo de McGinn, que saltou do banco para selar o triunfo de uma equipa que até tem um jogador do quarto escalão inglês. Quem dizia mesmo que este Europeu estava repleta de equipas sem qualidade para este nível?

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