sexta-feira, julho 01, 2016

A lotaria dos empates


Já se torna difícil escrever sobre os jogos da Seleção Nacional neste Euro 2016. Ao quinto jogo, o quinto empate! É obra! Portugal faz pouco para vencer os jogos, mas também não deixa que os seus adversários levem a melhor. Hoje entrou a perder, com o golo do inevitável Lewandowski aos 2 minutos, e foi obrigado a procurar contraria a desvantagem, assumindo as despesas do jogo, algo que a equipa não aprecia tanto no sistema que tem adoptado.

Fernando Santos montou um meio-campo com quatro médios centro de raiz, com João Mário a jogar mais sobre a ala, assim como Nani, com o trio central a ser composto por William, Renato e Adrien. Com o golo polaco, num erro de Cedric, que tirando essa falha esteve em bom plano, Portugal procurou o empate, mas sem grandes ocasiões de golo. Porém, seria mais uma vez o jovem Renato Sanches a mexer com a partida, depois de já antes ter tido a melhor iniciativa, num lance pela esquerda em que o último passe, de João Mário, não saiu como pretendido. O "selvagem", como Rui Vitória o apelidou, teve um verdadeiro momento de inspiração, numa bomba de pé esquerdo, de fora da área, que sofreu um pequeno desvio em Krychowiak, só parando no fundo das redes polacas.

Estava feito o empate, ainda antes do intervalo, e Portugal pôde enfim respirar melhor, baixando os níveis de ansiedade da equipa. A verdade é que daí para a frente, o jogo manteve o ritmo, muita expectativa, ligeiro domínio luso, mas acima de tudo duas equipas expectantes, mais interessadas em não sofrer do que em marcar.

O que parece incompreensível foi a opção no segundo tempo, que se manteve até final do jogo, de colocar Renato Sanches sobre uma ala. O jovem jogador estava a ser, mais uma vez, o homem em destaque da equipa, com os seus arranques em transporte de bola, que permitem à equipa dar alguns esticões e ter outro dinamismo na construção. Nani foi mais para junto de Ronaldo, que voltou a ser uma sombra do que é habitual, e Portugal perdeu essa espontaneidade na construção.

As opções a partir do banco nunca mexerem com a estrutura tática, apenas dando maior frescura física, mas sem trazer nada de novo ao jogo. Do lado polaco a situação foi idêntica, pelo que o jogo se arrastou durante longos 120 minutos, em mais uma partida super desinteressante para os espectadores.

Verdade seja dita, o empate é o resultado justo para o que se passou nos 120 minutos de jogo, onde nenhuma das equipas merecia vencer. Fala-se que os penalties são uma lotaria e questiona-se que é uma forma injusta de decidir uma partida. Hoje dificilmente encontro outra forma de decidir este jogo de empatas. É que também os polacos já tinham dois empates em quatro jogos, nada que se compare ao pleno luso.

Da marca dos penalties, Portugal esteve perfeito, com os cinco jogadores chamados ao momento da verdade a não tremerem, e com Rui Patrício a ser o homem decisivo, com uma grande estirada a defender o quarto penalty polaco, batido por Kuba, e Quaresma a marcar o último de Portugal, apurando a turma das quinas para as meias.

Renato Sanches foi mais uma vez eleito pela UEFA como o melhor em campo, pela segunda vez consecutiva, mas Pepe também merecia a distinção, como no encontro anterior com a Croácia. O luso-brasileiro tem sido um pilar da defesa, com cortes decisivos e com uma alma inesgotável. E ficam por aqui os destaques individuais, tudo o resto foram exibições ao nível do jogo, baixo... muito baixo...

Portugal nem vence e muito menos convence. Mas está nas meias-finais. E isso é que vai ficar para a história! Agora, partindo do princípio que a Bélgica vence Gales esta sexta, a malha vai apertar e tanto a meia-final como a final, se lá chegarmos, vão ter um nível de dificuldade muito superior ao de qualquer jogo que Portugal disputou neste Euro. E se até agora não convenceu, é difícil acreditar que será nos jogos com as melhores equipas do Europeu que a equipa se irá transfigurar para melhor... Mas no futebol tudo é possível e a esperança de uma nação é capaz de milagres! Quarta-feira há mais para Portugal! Algo que só mais três equipas poderão dizer.

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