segunda-feira, julho 02, 2018

MUNDIAL À LUPA: Os artistas do Teatro de Neymar tiraram o fôlego aos mexicanos


Com uma entrada a todo o gás, o México repetiu a estratégia que surpreendeu a campeã do mundo Alemanha na jornada inaugural deste Mundial Rússia 2018. Carlos Vela e Irving Lozano eram as setas do tribo azeteca que criaram muitas dificuldades ao Brasil que durante os primeiros vinte minutos teve pouca bola e pouco acerto na forma de parar a tática dos Speedy Gonzalez que Osório apostou.

Apesar de toda a dinâmica ofensiva dos mexicanos, Alisson não foi chamado a qualquer intervenção nos primeiros 45 minutos (na realidade na segunda metade também só por uma vez teve de defender pois todos os remates do adversário ou foram bloqueados ou foram para fora), pelo que apesar de muitos calafrios para o último reduto do escrete, nunca se esteve perto de gritar golo do México.

O problema da estratégia mexicana, com uma pressão alta sobre a defesa brasileira, foi que, como se previa, não poderia durar o tempo todo. À meia hora o gás acabou e o Brasil pegou no jogo para não mais largar.

Neymar começou a abrir o livro, com algumas jogadas de muito perigo dando-se início ao festival de Guilhermo Ochoa entre os postes. Primeiro numa mancha fantástica aos pés do 10 da canarinha, depois de Neymar ter trocado por completo os rins a Alvarez, mas outras ocasiões houve até ao final da primeira parte.

Se começava a cheirar a golo antes do intervalo, logo depois do reatamento a toada acentuou-se. Um Brasil ao seu melhor nível, com Neymar a começar a surgir próximo do seu registo habitual, William finalmente a dar cartas neste Mundial, menos preso à linha e mais rápido na condução e até Gabriel Jesus foi importante em várias movimentações apesar de continuar furos abaixo do que lhe é exigido.

Coutinho ia abrindo o marcador em mais um lance onde Ochoa brilhou, antes de, sem surpresa, aos 51' Neymar abrir o marcador. Grande jogada de William pela esquerda, a ultrapassar Alvarez em velocidade e a centrar para a boca da baliza onde Neymar encostou depois de Jesus não ter chegado à bola por uma unha negra. Era o corolário lógico de uma enorme superioridade da canarinha desde meio do primeiro tempo.

A equipa de Juan Carlos Osório reagiu, com o técnico a mexer nalgumas peças, com a entrada de Raul Jimenez e Jonathan dos Santos. E apesar de ter mais bola e ter conseguido encostar o Brasil mais atrás, a verdade é que continuaram a somar-se lances com a bola a rondar a baliza de Alisson mas sem nunca os azetecas conseguirem causar desequilíbrios que pudessem garantir chances de golo.

Ao invés, o Brasil respondia sempre com muito perigo e o festival de Ochoa prolongou-se quase até final, impedindo que o escrete respirasse finalmente de alívio. Isso só viria a acontecer em cima do apito final, com Neymar novamente a brilhar, isolando-se pela esquerda e a rematar de bico à Romário, para nova defesa de Ochoa, com a bola a sobrar para a boca da baliza onde Roberto Firmino, que havia entrado há poucos minutos, a dar o toque para as redes mexicanas sentenciando a partida.




O Brasil teve hoje o seu teste mais difícil até ao momento e passou com distinção, ainda para mais com Neymar a começar a atingir a sua melhor forma. Pena apenas a contínua peça de teatro que teima em protagonizar cada vez que é derrubado ou sofre uma falta mais contundente, algo completamente desnecessário e que só cria anti-corpos nos fãs de alguém que pelo seu futebol de rua devia ser idolatrado por todos.

Apesar de toda a qualidade do ataque da formação de Tite, merece mesmo destaque é a consistência defensiva da canarinha, que até ao momento só sofreu um golo na Rússia e praticamente não concede oportunidades aos adversários. Palavra final para o México que mantém o estigma de nunca ter passado dos oitavos da prova mas que deixou uma imagem muito positiva nesta Mundial, com um futebol quase sempre de qualidade e que fez da velocidade a sua maior arma, com Lozano a mostrar-se ao mundo do futebol pelo que se adivinha possível tranferência milionária do Chucky que encherá os cofres ao PSV Eindhoven.

Man of the Match: Neymar



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