terça-feira, julho 10, 2018

MUNDIAL À LUPA: O galo voou no jardim de Eden


Qual ave de rapina, foi do alto dos céus que o galo carimbou o passaporte para a final do Mundial Rússia 2018. Num jogo atado pelas magníficas exibicões de Courtois e Lloris, foi num canto batido por Griezmann que Umtiti subiu mais alto que toda a gente e fez o único golo da partida.

O jogo foi pautado pelo equilíbrio, como seria de esperar, entre duas enormes equipas, com duas estruturas táticas distintas mas que se encaixaram na perfeição. A Bélgica na ausência de Meunier viu-se obrigada a uma mudança, com Roberto Martinez a apostar em Dembelé, optando por um sistema híbrido, que a atacar era um 3-4-3 mas a defender assumia o 4-4-2, onde Chadli era a chave a encostar como defesa direito no momento defensivo e a assumir o corredor sozinho, à imagem do lateral do PSG, quando atacava, com Vertoghen, no lado contrário da defesa a encostar aos centrais Kompany e Alderweireld.

Talvez com o efeito surpresa, como já havia acontecido frente ao Brasil, os belgas entraram mais fortes, muito por força de mais uma excelente exibição de Hazard, sempre deambulando com toque curto e velocidade o que provocou muitas dores de cabeça à defesa gaulesa, com Lloris a assumir-se como o garante do nulo, com algumas defesas de elevado grau de dificuldade, uma delas num remate à meia volta de Alderweireld na sequência de um canto.

A França tinha dificuldades para sair a jogar, apenas conseguindo em raras ocasiões através da velocidade de Mbappé. Porém, aos 40 minutos a França esteve à beira do primeiro mas desta feita seria Courtois a brilhar com uma tremenda defesa a remate de Pavard que surgiu sobre da direita da área sem qualquer oposição. Este lance foi o corolário de uma parte final do primeiro tempo de maior qualidade da França em resposta à boa entrada belga.

A segunda parte começou praticamente com o golo da França, aos 51' que naturalmente mudou a face da partida. Os gauleses baixaram as linhas e a Bélgica passou a assumir claramente o controlo do jogo, procurando chegar ao empate.

Foram muitas as dificuldades que a Bélgica apresentou dado o bloco muito forte que é esta equipa francesa. Coesão defensiva muito graças a um trio do meio-campo que protege na perfeição a área, tornando-se muito difícil lá entrar. Os diabos vermelhos abusaram do jogo lateral e dos cruzamentos, tentando aproveitar o jogo aéreo de Fellaini que passou a se aproximar muito mais da área.

A primeira aposta de Martinez foi Dries Mertens por Dembele, com o avançado do Nápoles a jogar na direita do ataque passando o 3-4-3 a ser sistema em todas as fases do jogo, mas Mertens nunca se mostrou muito feliz, longe da forma que apresentou em Itália em boa parte da temporada, como já se tinha percebido desde o início do Mundial, motivo pelo qual perdeu a titularidade após a fase de grupos.

A França apostava em definitivo na velocidade supersónica de Mbappé e na capacidade de condução e congelação da bola de Griezmann. Se conseguir criar grande perigo apesar do muito caudal ofensivo, Martinez voltou a mexer colocando Carrasco por Fellaini, a dez minutos do fim, algo difícil de perceber da a importância que o médio do United poderia ter no jogo aéreo no chuveirinho final.

Também Carrasco nada acrescentou (tal como Mertens pouco deu à equipa neste Mundial e também perdeu a titularidade após a fase de grupos) e muito menos Batshuayi que entrou já depois dos 90'.

A melhor oportunidade foi mesmo um remate fortíssimo de Witsel de fora da área que obrigou Lloris a mais uma excelente intervenção. Apesar do enorme jogo de Hazard, o avançado do Chelsea não teve companhia a altura hoje, com Lukaku engolido por Varane e Umtiti, e De Bruyne menos feliz que nos jogos anteriores, muito também devido à ação de Kanté, o homem invisível que domina os relvados que pisa.



A França acabaria por dispor das melhores oportunidades em contra-ataque, primeiro por Griezmann e depois, já no final dos descontos, por Tolisso, que havia substituído Matuidi que saiu combalido após forte choque com Hazard. O médio do Bayern permitiu a Courtois voltar a brilhar impedindo o 2-0 com uma grande defesa.

Apesar do equilíbrio, a França acabou por ser um justo vencedor, especialmente pela capacidade de proteger a vantagem sem ter sofrido muitos calafrios perante tão talentosa equipa. Para a Bélgica, é o fim do sonho mas esta geração ainda tem muito para dar ao futebol mundial, sendo certamente um dos favoritos a suceder a Portugal como campeão da Europa em 2020.

Man of the Match: Samuel Umtiti

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