sábado, julho 07, 2018

MUNDIAL À LUPA: O Pic(k)ador de gelo


Sem adornos, sem lances de génio, mas com uma eficácia tremenda, a Inglaterra está de regresso ao top-4 do Mundial, 28 anos depois do Itália-90. E bem pode agradecer a Jordan Pickford que fechou a sete chaves a sua baliza.

Toda a primeira parte foi pautada pelo equilíbrio. Nenhuma das equipas parecia com vontade de assumir muitos riscos e ambas encaixavam na perfeição. A Suécia apostava na profundidade, mas ao contrário dos jogos anteriores, tinha mais dificuldade perante o trio de defesas ingleses, poderosos fisicamente e com excelente controlo do espaço nas suas costas. Já a Inglaterra apostava no trio dinâmico nas costas de Kane, composto por Sterling, Dele Ali e Lingard, que com o seu jogo de toque curto, velocidade e capacidade técnica, iam causando algum incómodo à defesa sueca, sem que contudo tivessem alcançado mais do que um lance de perigo que terminou com um remate frontal de Kane ao lado e outro onde Sterling se isolou após passe fantástico de Kane mas na cara de Olsen acabou por não conseguir ultrapassar o guardião sueco, terminando a jogada com um pontapé do avançado do City ao lado.

E quando tudo parecia que o nulo seria o resultado ao intervalo, surgiu Maguire, não o Jerry, do filme de Hollywood que celebrizou a frase "Show me the money", mas o Harry, que mostrou o caminho do golo aos britânicos num cabeceamento perfeito após canto de Young.

Obrigados a assumir o jogo para alcançar o empate, a Suécia entrou a todo o gás no segundo tempo e logo ao segundo minuto Marcus Berg com um cabeceamento perfeito obrigou Jordan Pickford a uma das melhores defesas deste Mundial, numa espécie de reencarnação da mítica defesa de Gordon Banks em 66.

A Inglaterra continuava na sua toada morna e de controlo da partida, sempre jogando pela certa, com Trippier em excelente plano do lado direito. E seria por esse lado que nasceria o segundo dos ingleses, com o lateral direito a servir Lingard que fez um centro perfeito ao poste mais distante onde Ali surgiu sozinho a cabecear para o segundo.

Com meia hora para jogar, Andersson mexeu na equipa, mudando Toivonen por Guidetti e Forsberg por Olsson, esta última alteração difícil de perceber dado que faz pouco sentido tirar o melhor jogador da equipa quando se está a perder por dois golos e à beira da eliminação.



Os suecos ainda assim foram conseguindo no seu futebol habitual, com passes nas costas da defesa contrária ou através de cruzamentos. Mas Pickford mostrou-se intransponível. Por duas vezes voltou a brilhar a um nível altíssimo, mostrando que não iria ceder ao gelo nórdico.

E assim, 28 anos depois, a Inglaterra voltou às meias-finais de um Mundial. Conseguirá repetir a final de 1966? Têm boas razões para sonhar. Mais não seja, porque Pep Guardiola treina em Inglaterra. E sabemos quem terminou campeão nos últimos dois mundiais certo? Os países onde o técnico do City treinava. Depois dos títulos mundiais de sub-19 e sub-20, falta a cereja no topo do bolo... talvez seja mais o bolo que falta porque comparativamente os dois títulos conquistados parecem duas pequenas cerejas.

Man of the Match: Jordan Pickford

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