quinta-feira, dezembro 08, 2016

A incomum irrelevância de ganhar o grupo da Champions


Não é preciso ir ver o histórico da Liga dos Campeões para saber que as hipóteses de sucesso nos oitavos-de-final dos vencedores do grupos da primeira fase da competição costuma ser bem superior aos segundo classificados da fase de grupos. Sem fazer futurologia, até porque temos que esperar por segunda-feira para saber o resultado do sorteio, é muito provável que essa tendência de favoritismo dos vencedores dos grupos não aconteça em 2016/2017.

E porquê? Porque o equilíbrio é a nota dominante e é difícil concluir se é melhor encarar o sorteio como primeiro ou segundo classificado, para além do condicionalismo habitual dos vencedores dos grupos terem a vantagem de jogar em casa a 2ª mão, o que nem sempre é decisivo.

Esta análise vai ser feita tendo por base a perspetiva das equipas portuguesas, que obviamente é aquilo que mais nos interessa a todos. E olhando para as perspetivas de ambos, parecem ser maiores as possibilidades de sucesso passando no segundo lugar dos seus grupos do que em primeiros.

Do lote de possíveis adversários apenas o Barcelona parece um obstáculo absolutamente inultrapassável para qualquer um dos grandes portugueses. Muito difíceis serão Atlético de Madrid, Juventus ou Dortmund. Os espanhóis duas vezes finalistas vencidos nos últimos três anos e uma equipa com uma solidez defensiva impressionante. Ao invés, os alemães são uma máquina ofensiva, capaz de atropelar qualquer adversário. Já os italianos, são das equipas mais consistentes da Europa, campeão incontestado ano após ano na Série A e que procura o regresso ao título europeu depois do escândalo que relegou a Velha Senhora para a Série B por corrupção.

As hipóteses de sucesso de Benfica e Porto perante qualquer destes três tubarões não ultrapassará os 15 ou 20% mas contra o Barcelona não deve ultrapassar os 5 ou 10% e os 10% já incluem uma boa dose de otimismo...

Sobram Arsenal, Mónaco e Leicester (no caso dos encarnados) e Nápoles (no caso dos azuis e brancos). Começando pelos ingleses, a formação treinada há muitos anos pelo francês Wenger não passa os oitavos há seis anos consecutivos! Isso é um indicador positivo para quem os enfrentar. Mas se calhar a uma das equipas lusas, certamente os Gunners serão claros favoritos, sabendo-se do histórico do FC Porto no Emirates Stadium, que nos últimos anos terminou goleado por duas vezes quando ali se deslocou...

Já o Mónaco parece um dos adversários mais acessíveis para qualquer das equipas portuguesas. Leonardo Jardim conhece bem o futebol português e transformou a sua equipa de uma enorme muralha defensiva para uma entusiasmante máquina de fazer golos. Contudo, não parece ser um adversário de monta e pode estar perfeitamente ao alcance de Benfica ou Porto.

Por fim, os adversários que ganharam os grupos das equipas portuguesas que seguiram em frente para os oitavos. Os ingleses do Leicester, o conto de fadas do futebol mundial, só podem calhar em sorte às águias, que certamente não desejam mais nenhum adversário. A equipa do italiano Claudio Ranieri está a tentar fugir à despromoção na Premier League mas na Champions esteve quase irrepreensível, vencendo os quatro dos cinco primeiros jogos e só sofrendo um golo à quinta jornada. A debacle veio no Dragão, com goleada por 5-0 mas a jogar com os suplentes.

Contudo, temos que enquadrar o grupo que era de longe o mais fraco da Champions, inferior talvez a alguns da Liga Europa, o que demonstra que apesar do sucesso do Leicester, dificilmente os ingleses terão hipóteses de seguir em frente, seja contra quem for.

Os italianos do Nápoles não são tão pêra doce como poderão ser os britânicos. Para além do histórico pouco positivo para os portugueses contra equipas italianas, com quem não "casam" bem, o Nápoles é uma equipa bem orientada e muito compacta que será favorita caso tenha o Porto pela frente, apesar de poder ser um adversário ao alcance dos dragões.

Em resumo, e apesar de não sabermos como estarão as equipas dentro de mais de dois meses quando chegarem os oitavos, pois até lá os picos de forma vão variar bastante certamente, parece certo que os portugueses estarão a torcer por verem os nomes de Mónaco e Leicester/Nápoles como adversário. Ou na pior das hipóteses o Arsenal. Tudo o resto dificilmente permitirá aos grandes lusos chegar aos quartos-de-final.

E se tivessem ganho os grupos?
Analisada a situação real, vamos a uma breve análise sobre se tivessem ganho os seus grupos, o que como diz o título deste artigo, não seria necessariamente melhor. Como tubarões praticamente inultrapassáveis temos Real Madrid e Bayern de Munique. Pior do que ser segundo onde apenas Barça consideramos entrar nesse lote.

Já adversários muito difíceis e com probabilidades de sucesso das equipas portuguesas apenas de 15 a 20% temos o PSG, que apesar de uma época titubeante com Unay Emery ao leme não deixa de ser uma equipa fortíssima e que poderá em fevereiro de 2017 estar num patamar mais próximo do seu habitual nos últimos anos, e o City de Guardiola, com uma naipe de estrelas impressionante e um dos melhores treinadores do mundo.

Sobrariam apenas Sevilha e Leverkusen (contando que apenas um dos portugueses ficasse em primeiro e o não pudesse defrontar o outro luso dado o regulamento não permitir confrontos entre equipas do mesmo país nesta fase da prova). Os alemães parecem os únicos mais acessíveis, com o favoritismo a cair para os portugueses, enquanto os espanhóis estariam certamente ao alcance mas para além de tricampeões da Liga Europa, estão a fazer uma época extraordinária, estando em terceiro lugar na Liga Espanhola, num trabalho de grande qualidade do técnico Jorge Sampaoli.

Em face desta realidade, a conclusão é mesmo de que ser segundo não é um mal menor, pode até ser ligeiramente melhor dado permitir evitar dois dos grandes favoritos, contra apenas um sendo segundos.

Segunda-feira saberemos e voltaremos a analisar as reais possibilidades de Benfica e Porto para seguirem para os oito primeiros da liga dos milhões.

ESTE TEXTO FOI TAMBÉM PUBLICADO NO BLOGUE BOM FUTEBOL


Um comentário:

Fred disse...

Só para completar a introdução do post:

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Abraço