quarta-feira, janeiro 21, 2015

Balanço 1ª Volta Liga Portuguesa: Vamos às contas


No início da época fiz um lançamento do que previ que poderia ser a época ao nível dos três grandes. Ao fim de meio campeonato jogado importa fazer um balanço e lançar o que falta da temporada:

A CERTEZA: SL Benfica - é verdade que escrevi que dificilmente o arranque do campeão nacional seria sólido. Muitas perdas de pedras basilares e redução de investimento em contratações levavam a uma conclusão que parecia óbvia. Afinal não era tão óbvia quanto isso. Para tal contribuiu também a não saída de Enzo Perez até janeiro, dado que no momento em que previ a temporada, o jogador argentino era dado como certo no Valência logo no verão. A sua manutenção serviu para controlar os danos das restantes saídas e para ajudar a fazer a passagem de testemunho para a nova realidade. Perez já não mora na Luz, mas saiu com uma equipa estável, isolada na frente do campeonato com margem para erros pelo caminho. Erros que praticamente não existiram! Apenas um empate e uma derrota (e mesmo essa deveu-se à exibição magnífica do guardião do Braga, Matheus), naquela que foi a primeira volta com menos pontos perdidos das últimas décadas. E com vitória categórica no Dragão, por 0-2 (como sempre tem acontecido nas últimas 3 décadas... ainda que só aconteça de 10 em 10 anos...).
Jorge Jesus confirmou, mais uma vez, que domina como ninguém a Liga portuguesa e por isso tem claro favoritismo para revalidar o título. A equipa é curta e isso traduziu-se numa péssima participação europeia e até na saída prematura da Taça (novamente frente ao Braga, o único clube nacional que conseguiu até ao momento travar o Benfica, e novamente graças a uma exibição magistral de um guarda-redes, neste caso o suplente Kritciuk), mas com um calendário praticamente limpo de compromissos durante a semana (excepção apenas para a Taça da Liga mas onde os encarnados têm rodado a equipa e onde já só falta mais um jogo dos grupos e outro das meias-finais caso passem a essa fase. A final é disputada ao fim-de-semana, pelo que atingindo essa fase, não haverá sobrecarga), parece pouco provável que os pupilos de Jorge Jesus permitam uma recuperação de um dos rivais.
Parece pouco, dado que nos últimos dois anos os campeões nacionais estiveram em duas finais europeias, duas finais da Taça de Portugal e uma da Taça da Liga, conquistando duas das cinco finais, para além da Liga 2013/2014, mas garantir o bicampeonato será o passo definitivo de afirmação do clube da Luz em Portugal e o possível colocar de um ponto final na hegemonia do rival da Invicta.
A solidez defensiva (uma grande contratação a de Júlio César, a calar muitas críticas, e um Jardel que chega e sobra a nível interno), a genialidade de Gaitan, a produtividade de Sálvio e a eficácia de Jonas são armas que para a Liga portuguesa está visto que são suficientes.

O PERSEGUIDOR: FC Porto - Olhando para o plantel dos azuis e brancos, considerei-os favoritos à vitória na Liga. Chegando a meio da temporada, essa suposta vantagem esfumou-se. Não porque a qualidade do seu plantel não seja superior, pois continuo a acha-lo, mas porque ao nível do onze titular não há grandes diferenças qualitativas entre os dois crónicos candidatos. A isso juntou-se a inexperiência nacional do técnico Julen Lopetegui. Algo que referi que poderia ser um problema e que se confirmou. O espanhol falhou nos momentos decisivos, perdendo em casa com o rival da Luz e caindo na Taça, também no Dragão, frente ao outro rival da capital. Isso pesou na equipa. Obstáculos aos quais se juntam alguns empates (em Guimarães, Alvalade e Estoril podem aceitar-se, em casa com o Boavista é que não!) que deixam os azuis e brancos a seis pontos da liderança.
Por outro lado, foram os únicos a conseguir manter-se na principal competição da UEFA, graças a uma excelente prestação, mas sendo certo que o grupo era bastante acessível. Com o Basileia como adversário nos oitavos, os dragões poderão perfeitamente chegar à fase seguinte, o que não só em termos financeiros, mas também desportivos, será um tremendo êxito na presente temporada. Poderão é muito provavelmente faltar os títulos... e pela segunda época seguida, o que é algo a que ninguém está habituado para esses lados! Contudo, é óbvio que o campeonato está longe de estar perdido e a qualidade do plantel permite sonhar numa recuperação. Um deslize do Benfica poderá colocar maior pressão nos encarnados e voltar a abrir a porta para uma corrida pelo menos a dois.
A nível individual, a equipa continua a ser muito sólida atrás (apenas superada pelo Benfica), mas a grande qualidade é o seu ataque, com o matador Jackson pronto para a terceira bola de prata consecutiva, auxiliado por duas grandes contratações, o espanhol Oliver Torres e o argelino Brahimi. A estas pedras basilares junta-se o mexicano Herrera que começa finalmente a demonstrar o nível que apresentou no último mundial ao serviço da seleção azteca.

A DESILUSÃO: Sporting CP - Talvez a palavra desilusão seja demasiado forte, mas olhando para o lançamento da época, apontava como principal vantagem dos leões a manutenção da equipa base, o que no arranque poderia ser uma oportunidade para os de Alvalade tomarem a dianteira enquanto os rivais se procuravam adaptar às mudanças no onze (no caso do Benfica) e no comando técnico e no plantel (no caso do FCP). Os leões mudaram o treinador, mas as ideias não são assim tão diferentes, o modelo manteve-se (na maioria dos casos pois agora por vezes jogam 2 avançados) e as caras também. Porém, para grande surpresa, foi a equipa que teve pior arranque. Muitos pontos perdidos, principalmente em casa, com equipas acessíveis, o que num campeonato tão pouco competitivo, onde nos últimos anos o clube campeão quase não perde um jogo e dificilmente perde mais do que 10/12 pontos na Liga, isso é fatal.
Os leões andaram muito tempo fora do pódio, lugar apenas atingido com a vitória em Braga, há uma semana. Curiosamente, a novela BdC/Marco Silva acabou por dar início a um ciclo de vitórias que ainda não conheceu fim no último mês. Na minha opinião, esse ciclo deve-se essencialmente à ausência de jogos durante a semana dos verde-brancos. Foi durante a primeira fase da Champions que o Sporting perdeu vários pontos na Liga, o que é bem demonstrativo que apesar da qualidade do onze base, o plantel fica a anos-luz dos dois rivais e isso pesou, com pouca rotatividade e consequentemente, exibições e resultados menos conseguidos.
Agora que apenas voltam a competir na Liga Europa em fevereiro, os leões têm aproveitado para estabilizar o seu jogo e conquistar várias vitórias. Infelizmente, para a equipa, também os rivais seguem imparáveis nos últimos jogos, pelo que esta boa maré leonina não teve efeitos ao nível da aproximação aos dois da frente.
O jogo da 20ª jornada, que opõe leões e águias em Alvalade, será provavelmente a derradeira oportunidade para relançar a Liga. Uma vitória leonina não só poderá provocar a quebra que os rivais desejam no atual campeão nacional, como dará um balão de oxigénio aos leões para voltar a acreditar numa recuperação (ainda que a vitória mantenha os leões muito longe do Benfica... isto se ninguém perder pontos nas duas jornadas que faltam até lá). Um empate apenas servirá os dragões, que se aproximam da liderança e fogem aos leões, enquanto a vitória encarnada parece praticamente pôr um ponto final nas esperanças dos rivais do Benfica de que a equipa quebre, dado que seria um tónico motivacional ainda maior ao que já possuem graças à larga vantagem e à vitória no Dragão. A chave da Liga poderá mesmo ser esse jogo!
Liga à parte, os leões tiveram digna participação europeia, que apenas por factores externos não foi mais longe, e apesar de difícil rival na Liga Europa, as suas ambições em chegar longe na prova mantêm-se intactas. Adicionalmente, a Taça de Portugal poderá ser a porta de abertura para o regresso aos títulos que há tantos anos fogem ao clube. O Sporting está nas meias-finais e é o claro favorito à vitória final. Contudo, se a passagem à final parece provável, a vitória na mesma poderá não sê-lo pois tanto Braga como Rio Ave demonstram qualidade para lutar de igual para igual pela vitória no Jamor.
A nível individual, grande destaque para Nani, inevitavelmente a estrela maior desta equipa, mas não só. Adrien está provavelmente a fazer a sua melhor época da carreira, João Mário afirmou-se em definitivo e já é chamado à seleção A das quinas, Carrillo mantém alguma inconstância mas tem sido muito mais decisivo, Montero voltou aos golos e Slimani continua decisivo. Muitos méritos de Marco Silva, que confirma assim o valor demonstrado no Estoril. Falta contudo resolver o problema central da defesa leonina. Acaba de saber-se a cedência do brasileiro Maurício à Lázio de Roma, pelo que se adivinham reforços para o lugar de central onde Paulo Oliveira e agora Tobias Figueiredo acabam por ser os mais seguros valores apesar de tenra idade.


OS OUTROS:

A SURPRESA - Vit. Guimarães - Já aqui elogiei o trabalho de Rui Vitória, que com muito pouco faz demais! Uma primeira volta de sonho dos vimaranenses que com uma maioria de jogadores formados no clube e provenientes da equipa B consegue andar na luta pelo terceiro lugar, que apenas perderam há poucas semanas. Provavelmente não será possível manter este nível até final, até porque poderão sair alguns dos jogadores mais influentes, mas o mérito do trabalho feito já ninguém o tira.


Para além do destaque aos vitorianos, é preciso louvar igualmente as duas restantes equipas minhotas. O Sp.Braga voltou a estar próximo do seu melhor nível. Está na luta pelo terceiro lugar, nas meias-finais da Taça de Portugal numa época em que o investimento foi forte pelo que não se admitiam resultados inferiores. Muito ainda a ganhar pelos arsenalistas que para já são os únicos que bateram os campeões nacionais no país.
Também o Moreirense merece louvor, ao ocupar o sétimo lugar a par do Rio Ave (continua a manter o nível dos últimos anos, afirmando-se em definitivo como uma equipa da primeira metade da tabela), no ano de regresso a Liga. Um grande trabalho do técnico Miguel Leal que começa a justificar palcos mais ambiciosos.
Outro dos destaques é o Belenenses. Outra equipa que à imagem do Vitória minhoto consegue resultados de relevo com muito poucos recursos. Muita juventude, jogadores portugueses e um sexto lugar meritório. E não fosse a quebra dos últimos dois meses, interrompida este fim-de-semana com o tão desejado regresso às vitórias e os azuis até poderiam estar mais próximos do trio que luta pelo 3º lugar.

No meio da tabela, estão algumas das desilusões. O Estoril, que claramente sentiu a saída de Marco Silva, assim como as duas equipas madeirenses, que habitualmente lutam por lugares europeus mas que estão a alguma distância desse objetivo. Muita inconstância, mas quer o Nacional, quer o Estoril parecem estar em fase ascendente, já os maritimistas parecem em sentido inverso. O mesmo sentido que o Paços de Ferreira apresenta depois de grande arranque. Paulo Fonseca ainda ameaçou repetir o enorme feito de há dois anos mas os castores perfilam-se para ficar pelo meio da tabela.

Quanto à descida, parece que do 13º lugar para trás, estarão os prováveis relegados. O Gil Vicente, que apenas há uma semana conseguiu os primeiros três pontos da época é o mais forte candidato à descida, mas o reforço da equipa poderá alterar este destino.

Apostas para classificação final:

Campeão - SL Benfica
Champions - FC Porto (2º) e Sporting CP (3º)
Liga Europa - Sp.Braga (4º), Vit. Guimarães (5º) e Rio Ave (6º)
Despromovidos - Arouca e Penafiel

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