terça-feira, setembro 05, 2017

O leão que sofre de soluços quando está em casa



A paragem da Liga NOS para os jogos de apuramento para o Mundial 2018 marca a primeira pausa do campeonato português. Que coincidiu com o primeiro dos grandes a escorregar. Esse tem sido o tema de maior destaque nas análises feitas às primeiras quatro jornadas da Liga. Até porque para muitos o tetracampeão Benfica não supriu as perdas que teve na defesa e aparenta estar mais frágil que os dois rivais.

A classificação para já demonstra-o, mas analisando a dificuldade do calendários dos três crónicos candidatos ao título, e o nível exibicional, a conclusão até pode ser outra.

A procissão vai no adro e os dois pontos de atraso do Benfica face a Porto e Sporting pouco ou nada significam para já. Nos cinco primeiros jogos da época dos encarnados, apenas a receção ao Belenenses aparentava menor grau de dificuldade, o que veio a ser confirmado pela goleada infligida pelos homens da Luz aos azuis do Restelo. Porém, nas restantes partidas, a exigência foi máxima ou perto disso. Começou com a final da Supertaça frente ao Vitória de Guimarães, que jogou a um nível superior do que tem evidenciado na Liga, onde os encarnados se impuseram e conquistaram o troféu.

Seguiu-se a receção aos outros minhotos, do Sp.Braga, a melhor equipa da Liga NOS para além dos três grandes (pelo menos olhando para o seu plantel), e nova vitória e exibição de qualidade. Depois a primeira deslocação complicada, ao terreno do Chaves, com a vitória a chegar nos descontos, mas a pecar por tardia, naquela que para mim foi de longe a melhor prestação do Benfica na temporada até ao momento. E após a já referida goleada ao Belenenses, o empate em Vila do Conde, contra o único dos não grandes que se mantinha na frente. Uma primeira parte muito fraca, e uma segunda melhor mas insuficiente para garantir os três pontos. Em suma, um arranque nada fácil, mas exibições bem conseguidas e a mostrar o porquê do Benfica ser campeão. A perda de pontos não choca tendo em conta o campo em que aconteceu.

Já o Porto, teve um início avassalador. Exibições convincentes, até categóricas a espaços, e 100% vitorioso. Contudo, o calendário era bem mais acessível. Duas vitórias contra equipas menores em casa, Estoril e Moreirense, e duas vitórias fora, uma frente a um frágil Tondela, e outra bem difícil, em Braga, num jogo em que o Porto poderia ter vencido por outros números. O Braga tem um excelente plantel, mas mostrou algum desgaste dos vários jogos que já soma neste arranque, com duas eliminatórias da Liga Europa pelo meio. Claro que isso não tira mérito aos dragões nem belisca este arranque de grande qualidade.

Por fim, o Sporting, que tal como os azuis e brancos se mantém com aproveitamento máximo na Liga NOS. Ao contrário dos seus rivais, é aquele que menos tem convencido em termos exibicionais, talvez por ser o que mais alterações tem no seu onze base face à época anterior. O arranque nas Aves valeu mais pelo resultado que pela qualidade do seu jogo e uma semana depois, em casa, frente ao Vitória sadino, um verdadeiro Ai Jesus, com o domínio absoluto da partida e não resultar em grandes chances e a vitória a surgir apenas de penalty à beira do minuto 90.

Na semana seguinte, um golão madrugador de Bruno Fernandes lançou os leões para a melhor exibição da temporada, em Guimarães, mas é preciso ressalvar o início sofrível da equipa de Pedro Martins, que soma uma só vitória na Liga NOS, com a sua defesa num nível confrangedor.

O regresso a casa frente ao Estoril também esteve longe de entusiasmar. Os primeiros minutos pareciam conduzir a nova goleada, com 2-0 no marcador, mas um golo nos minutos finais a reduzir para a vantagem mínima o placard quase levou o leão a um colapso, com um golo do Estoril nos descontos a levar à ira os adeptos e Jorge Jesus, até que o vídeoarbítro repôs a verdade anulando o golo dos canarinhos obtido em posição de fora-de-jogo.

Pelo meio, o playoff de acesso à Champions, com mais uma paupérrima exibição em casa, no nulo contra o Steaua, e depois uma vitória por goleada em Bucareste, mas que disfarçou momentos de tremores dos leões, depois de permitirem a igualdade perante uma formação romena que, seja dita a verdade, teria dificuldades em ficar na primeira metade da tabela da Liga NOS.

Os resultados e as vitórias são o bálsamo de qualquer equipa. Mas as exibições dos de Alvalade deixam a questão. Será que as muitas alterações no onze explicam um arranque periclitante em termos exibicionais? Ou poderão ser o prelúdio do que se viu há um ano, em que o Sporting tinha sempre muitas dificuldades contra equipas que assumem uma toada claramente defensiva no Estádio José de Alvalade?

O plantel é mais rico do que há um ano, com mais opções, mas a saída de Adrien é difícil de suprir, pois ninguém no plantel tem as mesmas características e menos ainda a preponderância no balneário. Ora numa equipa com dificuldades em termos de equilíbrio como mostrou na época transacta, como será sem o fiel da balança da equipa? Mas isso será alvo de outra análise em breve neste blog.

Para já a certeza de que o arranque esteve muito longe de ser brilhante e só mesmo os resultados disfarçam essa realidade. Com um grupo temível na Champions e um calendário um pouco mais exigente intramuros, com a receção ao Porto como ponto alto de dificuldade nestas primeiras jornadas, até dezembro estou certo que se perceberá se este será o Sporting de há dois anos ou o da época passada. Um é o dia e o outro a noite. Duvido que o deste ano seja um meio termo entre os dois.

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