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quarta-feira, junho 13, 2018
Uma questão de princípios ou de falta deles
Num mundo onde cada vez mais os princípios e a ética parecem escassear ou ser assunto de menor importância, mais ainda no desporto-rei, é de louvar a posição do Presidente da Federação Espanhola de Futebol, Luís Rubiales, ao colocar em primeiro lugar o princípio ético em detrimento das questões desportivas. Questionável a decisão para a maioria do adeptos? Provavelmente. Poderão os objetivos competitivos estar em causa? Não necessariamente, mas é possível que a equipa e os jogadores se venham a ressentir.
O que está em causa é a falta de lealdade de Julen Lopetegui com a sua entidade empregadora. Aceitar um convite do Real Madrid a três dias do início do Mundial de Futebol e sem sequer colocar os responsáveis federativos a par do convite dos merengues é no mínimo incorrecto. De acordo com Rubiales, apenas cinco minutos antes do anúncio oficial da escolha de Lopetegui como novo técnico do gigante espanhol Florentino Perez lhe ligou dando conta do acordo entre o selecionador espanhol e o Real. E ex-treinador do Porto nem sequer fez qualquer aviso prévio das negociações ao Presidente da Federação.
Resultado? Instalou-se a crise no seio da equipa nacional espanhola. Rubiales reuniu esta manhã com Lopetegui e, apesar dos esforços dos jogadores em acalmar o líder da federação e demovê-lo da intenção de rescindir contrato, a decisão acabou mesmo por ser essa.
Luis Rubiales é o sucessor de Angél Vilar, o polémico e quase eterno Presidente da Federação Espanhola que está hoje a contas com a Justiça espanhola depois de um conjunto de escândalos. E a sua premissa foi voltar a fazer da Federação Espanhola de Futebol uma entidade séria que pugnaria pela verdade e transparência. Por isso, é compreensível a decisão de hoje, onde os princípios e a ética se sobrepuseram ao interesse desportivo.
Para a seleção de nuestros hermanos é difícil pensar em pior situação a 48 horas de ver a sua equipa entrar em campo e logo para o confronto teoricamente mais complicado da fase de grupos, frente a Portugal, campeã europeia. E ao contrário do que por vezes acontece noutro tipo de crises no seio de um grupo, esta situação não parece ser a que leva a um toque a reunir de uma equipa, pois os jogadores aqui são vítimas colaterais de um problema que não lhes diz diretamente respeito e sobre o qual não têm qualquer responsabilidade.
Caberá a Fernando Hierro, antigo capitão da seleção espanhola e, curiosamente, um símbolo do Real Madrid, que esteve na génese desta crise, controlar os danos e tentar manter o barco em ritmo de cruzeiro seguindo a estratégia que já estava preparada para o Mundial.
Quanto a Julen Lopetegui, fica mal na fotografia pela postura adotada, e hiper pressionado para ter sucesso à frente do Real Madrid. Caso as coisas lhe corram mal, poderá hipotecar o seu futuro, pois a sua imagem sairá beliscada quer ao nível ético quer ao nível desportivo, isto depois de já ter falhado ao serviço do FC Porto na única experiência que teve num clube de primeiro nível do futebol europeu.
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