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segunda-feira, junho 25, 2018
MUNDIAL À LUPA: A ditadura do resultado
Ponto prévio. Portugal foi campeão da Europa há dois anos apresentando um nível exibicional muito baixo, empatou no tempo regulamentar 6 dos 7 jogos que disputou. Mas no final foi quem trouxe o título para casa. Dois anos depois a receita repete-se, mas o nível exibicional consegue ser ainda pior, arriscando-me a considerar que em jogo jogado Portugal está ao mesmo nível de equipas que saem a zero deste Mundial. Porém, Portugal está nos oitavos. A ditadura dos resultados é quem manda no fim e a seleção das quinas continua imbatível e na fase seguinte da prova.
Como se previa, o Irão entregou a posse a Portugal e ficou na expectativa de sair no contra-ataque. A equipa de Fernando Santos fez um início de bom nível, com Quaresma, Adrien e André Silva nos lugares de Bernardo, Moutinho e Guedes.
Adrien e William conseguiam controlar o jogo, Ronado ora abria na ala para João Mário vir para o meio, ora ficava numa posição mais central, baixando para receber jogo, distribuir em Quaresma e rapidamente ir para a área à procura do serviço do extremo português.
Portugal nunca teve muitas chances de golo, apesar do maior domínio, e com o passar dos minutos a qualidade de jogo que nunca foi elevada foi desaparecendo. Para tal contribuiu sobremaneira a péssima exibição de William, sempre lento, perdendo a maioria dos lances divididos, e nas poucas vezes que subiu no terreno, expunha o centro da defesa aos ataques rápidos dos iranianos.
Adrien tentava compensar a inexistência de William, mas claramente não chegava, João Mário também apresentava grande lentidão de processos e Quaresma naõ tem tanta qualidade no momento defensivo.
Quase sem oportunidades, o golo surgiria num momento-chave, em cima dos 45 minutos, num remate que apenas Ricardo Quaresma poderia fazer. Uma trivela à entrada da área, em arco, com a bola a entrar no ângulo da baliza de Beiranvand, que nada podia fazer.
A segunda parte foi completamente diferente. O Irão subiu linhas, expôs-se mais a cada minuto que passou, e começou a criar alguns calafrios no último reduto português. É verdade que não criou lances gritantes de golo, mas com muito jogo pelas alas, foi encostando Portugal mais atrás, que mesmo tendo mais bola, voltou a mostrar todos os problemas de controlo de jogo que revelou frente a Marrocos.
Esta realidade foi mais claro depois do penalty falhado por Cristiano Ronaldo aos 53', que podia deixar o jogo e o grupo ganhos, mas ao invés moralizou os asiáticos e ainda deixou mais ansiosa a equipa campeã da Europa.
O pontapé de penalty foi o primeiro momento do VAR na segunda parte, onde acabaria por ser o protagonista. Porque aos 83' voltaria a entrar em ação por uma suposta agressão de Cristiano Ronaldo, que o árbitro puniu apenas com amarelo (e bem na minha opinião).
Já sobre o minuto 90', novo lance de análise do VAR, agora na área de Portugal, onde uma suposta mão de Cedric deu origem a pontapé de penalty que Karim não desperdiçou. Análise muito rígida pois claramente o lateral português foi mais vítima que culpado no lance, mas verdade seja dita já no Austrália-Dinamarca se tinha assistido a um lance idêntico que teve a mesma decisão.
Restavam mais 4 minutos de tempo de compensação e ao Irão restou bombear bolas para a área. E logo no primeiro lance que o fez após o golo, quase chegou à vitória, com Taremi a ficar na cara de Patrício após ressalto mas a atirar à malha lateral.
Ficava o susto e ficava garantido o apuramento luso. Tal como em França, a qualidade de jogo da seleção das quinas deixa muito a desejar. Existem mais opções, mais qualidade com jovens como Bernardo Silva, Guedes, Gelson ou Ruben Dias que melhoram o nível geral da equipa, mas em termos práticos tem-se visto zero. E o grande drama é sem dúvida o centro do meio-campo. O duplo pivot, seja William-Moutinho seja William-Adrien, tem estado muito abaixo do que seria suposto. O terceiro médio, que já foi Bruno Fernandes e João Mário, é o outro ponto que explica o fraco jogo exibido. Dificilmente há opções para mudar algo. William não tem ninguém para o seu posto e Manuel Fernandes nunca foi chamado ainda, quando talvez pudesse dar outras soluções. Tarefa muito difícil pela frente no sábado, mas Portugal de Fernando Santos já mostrou que a ditadura dos resultados tem tido 100% de sucesso. Continuará no sábado?
Man of the Match: Ricardo Quaresma
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