Perante uma bando de leões esfomeados, quem diria que seria um bode (G.O.A.T - Greatest of all times) a ficar com a presa. Depois de um empate na estreia frente à Espanha, onde sem dúvida o resultado soube melhor que a exibição, Portugal fez a pior exibição dos últimos anos num grande evento. Mas somou os três pontos e apenas isso conta após o final da partida.
Depois de novamente entrar no jogo a ganhar, num canto em que Cristiano Ronaldo apareceu no meio da área a finalizar sem oposição, seguiram-se mais 90 minutos de futebol onde Portugal foi um equívoco, sem conseguir respirar perante os Leões do Atlas que, depois de já terem tido uma entrada semelhante contra o Irão, mas que só durou 20 minutos, nunca perderam o apetite.
A seleção das Quinas parecia num colete de forças, incapaz de trocar a bola, perdendo-a a cada dois ou três passes. O meio-campo marroquino asfixiava por completo a saída de bola de Portugal, com o quinteto dos africanos sempre a correr de forma incessante e rapidamente a recuperando. O jogo partia quase sempre das alas, com Amrabat na direita a fazer gato sapato de Raphael Guerreiro que nunca conseguiu travar o veterano extremo.
Os movimentos verticais do meio-campo dos leões rompiam por completo a segurança defensiva, total incapacidade de Moutinho e William para suster a cavalgada contrária, que obrigou Fernando Santos a mudar João Mário para o meio e Guedes para a ala esquerda, passando para um 4-3-3.
O caudal ofensivo dos marroquinos nunca se alterou e Portugal apenas por uma vez em toda a partida voltou a criar perigo, à beira do intervalo, com Guedes, servido pelo capitão Ronaldo, a falhar na cara do guarda-redes marroquino que evitou o segundo com uma defesa competente.
Do lado contrário, o avolumar de oportunidades foi uma constante, várias bolas passaram muito perto do golo, especialmente em bolas paradas, com o momento alto a chegar a meio do segundo tempo onde Rui Patrício, qual Gordon Banks, fez a defesa da tarde e segurou assim a vitória lusa.
Hervé Renard foi refrescando a sua equipa sem nunca mudar o sistema, uma vez que a supremacia era evidente, já o engenheiro Fernando Santos, tentou de tudo para reentrar na partida, primeiro apostando na velocidade de Gelson no lugar de um irreconhecível Bernardo Silva, mas o extremo formado no Sporting conseguiu perder ainda mais bola que o médio do City, sem que tivesse acrescentado nada à partida. Depois foi Bruno Fernandes a assumir o lugar de João Mário, que também passou completamente ao lado da partida, mas a sua entrada pouco contribuiu para aliviar a pressão. Por fim, Adrien rendeu um esgotado Moutinho, dos poucos que se salvou do naufrágio, já quase no final.
O nível exibicional e a incapacidade de controlar a bola e o jogo são preocupantes, mas os três pontos ficam do lado de Portugal. Marrocos despede-se do Mundial sendo talvez a seleção que maior intensidade teve nos jogos que disputou, que mais caudal ofensivo e oportunidades criou, mas somou duas derrotas pela margem mínima, sem nunca conseguir traduzir em golos tamanha superioridade. Na estreia sofreu no último minuto dos descontos, hoje ainda na madrugada da partida. Um duro golpe para uma equipa que dá gosto ver jogar.
Man of the Match: Nordin Amrabat (Cristiano Ronaldo para a FIFA)
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