sábado, junho 30, 2018

MUNDIAL À LUPA: Cavani levou Portugal a dar voltas no carrossel


Acabou o sonho luso! Fernando Santos montou uma equipa para jogar em transições rápidas, com Guedes de novo a titular e a novidade Ricardo no lado direito, que poderia dar outra velocidade nesse processo. O problema é que a igualdade no marcador durou apenas, por duas vezes, sete minutos. Tanto no 1-0 como no 2-1. Ou seja, a estratégia montada praticamente não teve hipótese de ser aplicada.

Curiosamente, os dois golos de Cavani surgiram no espaço do lateral direito que trocou há dias o Porto pelo Leicester. No primeiro deu espaço a Suarez para receber e a colocar na área, no segundo voltou a marcar à distância, neste caso Cavani, que rematou de primeira para um golo de bandeira, mas neste caso com a atenuante da perda de bola de Pepe em zona proibida.

Praticamente sempre em desvantagem, Portugal teve enorme dificuldade em saber o que fazer à bola. Ao longo de todos os jogos da fase de grupos, muito se questionou a falta de posse de bola da equipa portuguesa. Quando finalmente a teve, parecia já desabituada do processo de construção.

Constantes lateralizações, um futebol com um ritmo muito lento, sem soluções para fazer face ao fortíssimo bloco baixo dos sul-americanos cuja defesa é sem dúvida o seu ponto forte.

A única boa notícia foi mesmo o aparecimento de Bernardo Silva, até aqui sem conseguir somar a sua qualidade ao jogo português, o canhoto do City fez um jogo fantástico, apenas superado por Cavani entre todos os que pisaram o estádio em Sochi. Se já tinha estado bem na direita, foi no centro que o seu melhor futebol apareceu. Sempre com uma condução vertical, a procurar dar soluções de frente para o jogo, rejeitando as lateralizações habituais de William e João Mário, que com Bernardo passaram a formar o triângulo da zona nevrálgica do terreno, com Guedes a cair mais na ala e Quaresma já no lugar de Adrien.

Este sistema foi aposta já depois do 2-1, onde Cavani aproveitou um erro de Pepe, que em sete minutos passou de salvador da pátria, com um golo de cabeça no coração da área uruguaia que finalmente pôs fim à inviolabilidade das redes de Muslera, a vilão, ao perder de forma infantil uma bola na defesa que originou o melhor golo da noite.

Tudo voltava à realidade anterior, onde o Uruguai se sente em casa e Portugal completamente fora do seu habitat. Mais largura, contínua falta de presença na área, que Fernando Santos tentou compensar com André Silva por Guedes, mas que não gerou resultados. Ora porque o futebol da turma das quinas foi lento e previsível, com até os centros a demorarem muitas vezes tempo a mais para serem tirados, ora porque a dupla Godin-Gimenez é das melhores deste Mundial.

Tardiamente Manuel Fernandes chegou ao jogo, com apenas cinco minutos de tempo útil no relógio. O médio do Lokomotiv mostrou em cinco minutos que poderia ter dado muito mais a esta partida que o que William e João Mário ofereceram. Procurou construir, sem se esconder e, acima de tudo, visar a baliza de Muslera sempre que possível. Já não teve muito tempo mas ainda teve na mira o golo por duas vezes com a sua meia distância.



Já nada mais havia a fazer. Houve coração mas não a clarividência necessária. Nem dentro do campo e muito menos fora dele. Não se pode dizer que a queda de Portugal surpreenda. O percurso até aos oitavos foi muito sinuoso e pouco convicente. Como o havio sido em França. Mas passados dois anos os astros mudaram de posição.

Seguiu em frente a equipa que, fiel às suas ideias, mostrou o talento e consistência que um candidato ao título tem de ter. E não caiam na ilusão que Portugal dominou de fio a pavio. Simplesmente a vantagem no marcador em quase todo o jogo permitiu a Tabarez colocar a sua equipa no seu habital natural e quando um jogo é levado para lá pelo Uruguai, dificilmente não são eles a levar a melhor.

Portugal nao pode continuar a montar a sua equipa nos ombros de Ronaldo. Um futebol sem objetividade, sem rapidez, e sempre a contar que o melhor do mundo resolva com os seus golos. O centro da defesa será o grande desafio da renovação que terá de vir, onde também o génio de Quaresma deve ter conhecido a última trivela frente ao Irão.

Man of the Match: Edison Cavani

MUNDIAL À LUPA: E a tartaruga virou um fenómeno


Não podiam ter começado de melhor maneira os oitavos-de-final do Mundial, com um jogo electrizante, com duas cambalhotas no marcador, no dia em que uma tartaruga se tornou o animal mais veloz da selva. Conhecido como a tartaruga ninja, Kylian Mbappé, dizimou por completo a seleção argentina numa exibição que ficará certamente marcada nas memórias de todos durante várias edições do Mundial.

Com uma França fiel aos seus princípios e sistema tático, não surpreendeu que rapidamente se visse total superioridade dos gauleses. Até porque Sampaoli decidiu inventar um modelo de jogo que não contemplava ponta-de-lança. com Enzo Perez a surgir como falso 9, numa opção que se revelou um total fiasco. Di Maria e Pavon jogavam nas alas mas não havia ninguém no centro, com Messi a baixar muito para pegar no jogo sendo então Enzo a subir para terrenos que não são os seus.

Com uma bola na barra num livre direto logo a abrir a partida batido por Griezmann, o golo da França não tardou. Surgiria aos 13', apontado pelo avançado do Atlético Madrid, mas onde todo o mérito foi de Mbappé. O jovem de 19 anos arrancou no meio-campo e acelerou deixando toda a equipa argentina para trás, com Rojo apenas a separá-lo de Armani, desviou a bola do central do United e meteu a sexta, com o herói do apuramento para os oitavos a vestir o papel de vilão. Um empurrão já na área deitou abaixo Mbappé e estava aberto o caminho para o primeiro.

Sempre muito perigosa no contra-ataque, especialmente devido à velocidade supersónica de Mbappé que a cada arrancada faz lembrar Ronaldo Fenómeno, a França entregou o domínio aos argentinos, baixando as suas linhas. Messi voltou a eclipsar-se dada a dependência que a equipa tem do astro. Poucas eram as situações que punham em sobressalto a defesa gaulesa, especialmente porque muito do jogo vinha das alas, com Pavon várias vezes a tentar centrar para ninguém.

Foi com surpresa que o empate chegou a poucos minutos do intervalo, um golo de levantar o estádio de Di Maria, uma bomba de fora da área, sem defesa para Lloris, mas onde o centro do meio-campo francês ficou muito mal na fotografia pois o extremo do PSG teve todo o tempo do mundo para receber, preparar e rematar sem que nenhum dos três médios gauleses aparecesse para impedir ou dificultar o remate.

Se o empate surpreendia, o que dizer do golo da vantagem logo aos 47' do segundo tempo, num remate de Messi que Mercado desviou traindo Lloris que já não conseguiu reagir. Do nada a seleção das Pampas via-se em vantagem com apenas dois remates no alvo.

A França reagiu de imediato e nem foi preciso esperar dez minutos para o empate chegar naquele que foi o melhor golo da tarde, um remate do mais improvável dos marcadores, Pavard, o lateral direito do Estugarda, com a bola toda enrolada e cheia de efeito a entrar no ângulo da baliza de Armani.

Sete minutos depois, nova cambalhota no marcador, desta feita com Mbappé a voltar a assumir o protagonismo ao recolher a bola de um ressalto na área e com uma finta curta a deixar Enzo Perez pregado ao relvado e a atirar de pé esquerdo por baixo de Armani.

Voltava a fazer-se justiça no marcador e mais uma vez Mbappé a ser a estrela maior da França e da partida. E nem quatro minutos depois a Tartaruga Mbappé voltou a parecer o Fenómeno. Se bem que o mais fenomenal foi mesmo o ataque rápido francês que pôs a nú todas as debilidades da defesa alviceleste.

Umtiti meteu a bola no meio-campo, Griezmann tocou de primeira em Matuidi que lançou Giroud. O avançado conduziu e deixou para Mbappé que isolado não perdoou perante Armani. Tudo quase ao primeiro toque num lance que vem nos livros de como atacar.



Foi quase a estocada final para Messi e companhia, que apesar de ver finalmente Sampaoli colocar um avançado, Kun Aguero, não conseguiu criar muitos problemas à defesa francesa. A questão que fica é como foi possível Dybala não ter jogado mais do que meia dúzia de minutos neste Mundial, até porque para o sistema do falso 9 o craque da Juventus teria feito bem melhor o papel que Enzo Perez, mas obviamente nunca daria solução na fase defensiva como o ex-jogador do Benfica.

Aos 93' Aguero ainda conseguiu reduzir de cabeça, à ponta de lança (de facto faz grande diferença colocar os jogadores nas suas posições reais), num centro de excelência de Messi, mas já não havia tempo para mais.

O jogo foi épico, com golos, alternância no marcador, momentos de enorme espectáculo e onde Mbappé deu um passo definitivo para se tornar em mais uma lenda do futebol mundial.

Man of the Match: Kylian Mbappé

quarta-feira, junho 27, 2018

MUNDIAL À LUPA: O Brasil europeu não consegue tirar o Samba do sangue


O Brasil parece ter encontrada a fórmula ideal para o sucesso depois da tragédia do último mundial que organizou. Meia equipa parece proveniente do Velho Continente, do meio-campo para trás. E a outra metade, o meio-campo ofensivo e ataque, parece saída de uma equipa de futebol de rua, com samba, forró e tudo aquilo que faz qualquer pedaço do Brasil vibrar de forma ritmada.

Sem surpresa o escrete confirmou a vitória no grupo ao bater a Sérvia sem grande dificuldade por 2-0. Desde cedo a canarinha mostrou ao que vinha, procurando o golo desde o primeiro minuto, mesmo apesar do duro golpe que sofreu com a lesão de Marcelo logo aos cinco minutos, que pelo que aparentou poderá afastar o melhor lateral-esquerdo do mundo do Rússia 2018.

Apesar de nunca ter tido um ritmo muito elevado e não ter tido uma mão cheia de oportunidades no primeiro tempo, o golo surgiu mesmo aos 36' num passe de génio de Philippe Coutinho que isolou Paulinho, numa combinação dos dois brasileiros do Barcelona, com o médio a dar um toque por cima do guardião sérvio e a abrir o marcador.

A Sérvia apenas incomodou mais à séria a canarinha num espaço de cinco minutos, por altura dos 60', primeiro num disparte de Allison que Thiago Silva salvou quase em cima de linha evitando o golo de Mitrovic, e depois numa jogada de perigo pela esquerda que acabou por não ser aproveitada pelos europeus. 

Isto foi já depois de Stoijkovic ter evitado o segundo de Neymar que se isolou após mais um passe de génio de Coutinho. Esta foi uma luta particular onde o guardião que já jogou no Sporting venceu em toda a linha o astro do PSG, num confronto direto em pelo menos três situações claras de golo para o Brasil.

Aos 68', Thiago Silva na sequência de canto de Neymar fazia o segundo e matava de vez o jogo e as aspirações dos sérvios. Daí até final o Brasil fez um jogo de muitos pormenores técnicos, futebol jogado de pé para pé e aposta em passes nas costas da defesa sérvia. Foram várias as ocasiões para aumentar o score mas já não haveria mais golos.

Com a queda da Alemanha, já não se assistirá ao, tão falado nos últimos dias, confronto com o Brasil que seria a oportunidade de vingança da canarinha aos 7-1 de 2014. Pela frente terá o México mas o estatuto do Brasil sai sem dúvida reforçado, tendo mostrado ser provavelmente o mais consistente de todos os candidatos ao título mundial.

Melhor em campo: Phillipe Coutinho (Paulinho para a FIFA)

MUNDIAL À LUPA: A tradição já não é o que era... já a maldição do campeão do mundo...


E mais uma vez o campeão do mundo ficou pela fase de grupos. A maldição que ataca todos os detentores do título neste século (que encontra no Brasil a única exceção que confirma a regra) voltou a fazer das suas e acabou com a tradição alemã que, jamais na sua história, em 16 presenças, tinha sido eliminada na fase de grupos do Mundial.

Verdade seja dita, o desfecho é mais do que justo. A Alemanha teve uma participação muito má. Depois de ter caído perante o México na estreia, onde os mexicanos fizeram um grande jogo mas que não explica tudo, surgiu uma vitória no último segundo dos descontos contra a Suécia. Ao terceiro jogo, Low claramente não aprendeu com os jogos anteriores e manteve o esquema.

Mudam algumas peças, hoje com o regresso de Ozil e Khedira, por exemplo, mas sempre com Werner sozinho na frente, o que foi gritante nos jogos anteriores que não funcionava e nunca a Mannschaft conseguiu marcar um golo com esta fórmula.

A Coreia do Sul teve sempre uma postura muito defensiva, procurando num erro sair no contra-ataque, apostados na velocidade de ponta dos seus jogadores. Os asiáticos não deram muitos espaços lá atrás e durante quase toda a partida conseguiram evitar sobressaltos de maior ao seu guardião. Apenas numa ou noutra ocasião, saídas de bola a jogar na defesa resultaram em perdas para os alemães que, ainda assim, não conseguiram traduzir em claras oportunidades algum desses lances. E até tiveram a melhor ocasião da primeira parte num livre que Neuer defendeu mal para a frente e por pouco Min Son não conseguiu converter no primeiro.

Sem presença na área, fruto de grande mobilidade de Reus e Werner que constantemente saíam da zona de finalização, Low viu-se obrigado ao óbvio com poucos minutos do segundo tempo, colocar Gomez em campo tirando Khedira. O resultado foi um maior desequilíbrio da equipa, sem grandes resultados em termos ofensivos, e vários calafrios na sua defesa. Min Son e companhia passaram a desfrutar de muitos espaços e puseram a nu em vários lances a falta de velocidade dos alemães, que já tinha sido notória frente ao México.

As substituições de Low foram iguais às das duas partidas anteriores, colocou depois Muller por Goretzka e à entrada dos últimos 10 minutos Brandt por Hector. Só que desta vez o total desequilíbrio tático não resultou (e desta feita com 11 uma vez que com a Suécia os alemães estavam reduzidos a 10). Inversamente, abriu espaço ao descalabro.

É certo que nesta fase de total desespero já tinham surgido algumas chances, finalmente, para os alemães, mas aí surgiu Jo, o guardião coreano que havia brilhado nas anteriores partidas. Também a pontaria alemã voltou a ser pouca, em particular de Hummels que falhou pelo menos três golos de cabeça, um deles completamente sozinho no coração da pequena área, atirando para fora.

Já nos descontos, num canto em que os coreanos poucos homens tinham na área alemã, um erro de Kroos a tentar tirar a bola do alcance de um asiático, endossou-a para Young-Gwon que agradeceu e a um metro da baliza atirou sem hipótese para Neuer.



Sobravam seis minutos de desconto para aquela que seria a remontada mais épica da história do futebol alemão... se se concretizasse. Neuer esqueceu-se que era guarda-redes e foi jogar também na frente de ataque, tipo guarda-redes atacante no futsal. Obviamente o resultado foi uma bola despejada para a frente pela defesa da Coreia do Sul e o supersónico Min Son a correr sozinho em direção à baliza para encostar para o segundo e terminar com as já de si utópicas chances da Mannschaft.

Um desfecho que só surpreende quem não viu a Alemanha jogar no Rússia 2018. Uma equipa sempre muito lenta, pouco objetiva e sem presença na área. A antítese do habitual típico futebol alemão. E não foi por falta de valores nos 23 ao ponto de Leroy Sané, que era quem mais velocidade podia dar ao jogo, ter ficado de fora. O responsável pelo insucesso tem um rosto, o de Joachim Low.

E tivesse o México batido a Suécia e os coreanos até poderiam ter seguido em frente com este resultado. Terminar em último este grupo é algo que jamais um só alemão sonhou.

A maldição mantém-se e quem agora festejar a conquista do troféu Jules Rimet que festeje muito e se prepare, pois as probabilidades de ficar na fase de grupos no Catar 2022 parecem muito altas.

Man of the Match: Hyeon-woo Jo

terça-feira, junho 26, 2018

MUNDIAL À LUPA: Trocar os pés para finalmente chegar à vitória


O herói argentino apareceu finalmente no Mundial, mas quem salvou a Argentina da humilhação da saída precoce e sem vitórias do Rússia 2018 foi mesmo o herói improvável: Rojo. À beira do fim, quando tudo parecia desmoronar, o central que já passou por Portugal, no Sporting, teve uma finalização à ponta-de-lança, em plena área, e de pé direito, o seu pior pé, num remate de primeira sem deixar cair a bola no chão. O pesadelo acabava e a Argentina segue rumo aos oitavos. Parafraseando Sampaoli, faltam apenas quatro jogos para o título da seleção das Pampas.

E ao terceiro jogo, Sampaoli voltou a mexer profundamente no onze. Abdicou dos três centrais que usou contra a Croácia, estreou Banega e Higuain como titulares neste Mundial, assim como Armani na baliza, no lugar de Cabellero, depois do enorme disparate que abriu caminho à pesada derrota na jornada anterior. E jogou com o meio-campo em losango, algo que ainda não havia tentado, com Enzo a equilibrar a equipa pela direita. Do lado nigeriano, manteve-se a aposta que deu vitória sobre a Islândia.

A Argentina assumiu a partida pois só a vitória poderia qualificá-la para a fase seguinte. Apesar desse domínio, os sul-americanos tiveram sempre dificuldades para criar lances de perigo, novamente muito dependentes de Messi, que mostrava alguns nervos com perdas de bola e passes falhados de forma pouco habitual.

Só que quem tem Messi arrisca-se sempre a estar mais perto do sucesso. E aos 14' minutos, no primeiro grande lance da partida, Ever Banega abriu o livro com um passe de 30 metros a rasgar toda a defesa nigeriana com Messi a ter a receção perfeita, o segundo toque ainda mais perfeito, e o remate de de pé direito para o poste contrário que deixou Uzoho sem hipótese de defesa. O deus da era moderna argentina, Leo Messi, aparecia finalmente no Mundial e tudo parecia encaminhado para que a turma das Pampas pudesse viver finalmente a glória da qual anda arredada.

Ainda houve tempo na primeira parte para um livre de Messi embater no poste, graças a um ligeiríssimo desvio do guardião nigeriano, que foi o necessário para impedir o segundo do jogador do Barcelona.

Para além do golo e da bola no poste, pouca história houve na primeira parte, com a Argentina mais cautelosa e a Nigéria sem qualquer lance digno de registo. Para tentar mudar essa realidade, a Nigéria trocou Iheanacho por Ighalo, e tal como contra a Islândia, logo a abrir a segunda metade, sem ter feito nada que o justificasse, chegou ao empate. Mas desta vez pode agradecer à dádiva do árbitro turco Cuneyt Cakir, que literalmente inventou um penalty por um suposto puxão de Mascherano a Ekong, que foi exatamente igual a dezenas de lances que há em todos os cantos. Moses não desperdiçou e o mundo voltava a desabar sobre a cabeça dos argentinos.

Sampaoli reagiu, colocou Pavon por Enzo, dando mais profundidade e rapidez na direita. Dez minutos mais tarde trocava Di Maria por Meza e já nos 10 minutos finais era a vez do tudo ou nada com Kun Aguero a substituir Tagliafico. No entretanto, a Nigéria podia ter acabado com o jogo por duas ou três vezes, mas Armani levou a melhor sobre Ighalo num primeiro momento, enquanto nas restantes situações foi mesmo a falta de pontaria do avançado nigeriano que impediu os africanos de carimbarem o passaporte para os oitavos.
E com o desespero estampado no rosto, o último fôlego argentino acabou por compensar. Depois de Higuain ter desperdiçado excelente oportunidade, apareceu o momento de glória. Jogada de insistência pela direita de Mercado que centrou para a área e encontrou o seu colega da defesa Marcos Rojo a fazer um golo à ponta-de-lança, e com o seu pior pé, o direito, num remate indefensável, antecipando-se a Moses. Quase em simultâneo a Croácia fazia o 2-1 frente à Islândia afastando o espectro de um golo nórdico no final poder deitar um enorme balde de água fria em cima dos argentinos.



Do nada a Argentina renasceu. Não convenceu mas esteve ainda assim melhor que nos jogos anteriores. E se Sampaoli passou por cima da péssima prestação no lançamento deste jogo, dizendo que faltavam cinco jogos para levantarem a Taça, agora ficam a faltar quatro. E temos um bom exemplo de como jogar bem e convencer é completamente acessório para atingir a glória... Segue-se a França num verdadeiro teste para Messi e companhia. Caso vençam os vice-campeões europeus, a crença de Sampaoli pode começar a tornar-se menos utópica do que parecia há umas horas atrás.

Man of the Match: Leo Messi

segunda-feira, junho 25, 2018

MUNDIAL À LUPA: A ditadura do resultado


Ponto prévio. Portugal foi campeão da Europa há dois anos apresentando um nível exibicional muito baixo, empatou no tempo regulamentar 6 dos 7 jogos que disputou. Mas no final foi quem trouxe o título para casa. Dois anos depois a receita repete-se, mas o nível exibicional consegue ser ainda pior, arriscando-me a considerar que em jogo jogado Portugal está ao mesmo nível de equipas que saem a zero deste Mundial. Porém, Portugal está nos oitavos. A ditadura dos resultados é quem manda no fim e a seleção das quinas continua imbatível e na fase seguinte da prova.

Como se previa, o Irão entregou a posse a Portugal e ficou na expectativa de sair no contra-ataque. A equipa de Fernando Santos fez um início de bom nível, com Quaresma, Adrien e André Silva nos lugares de Bernardo, Moutinho e Guedes.

Adrien e William conseguiam controlar o jogo, Ronado ora abria na ala para João Mário vir para o meio, ora ficava numa posição mais central, baixando para receber jogo, distribuir em Quaresma e rapidamente ir para a área à procura do serviço do extremo português.

Portugal nunca teve muitas chances de golo, apesar do maior domínio, e com o passar dos minutos a qualidade de jogo que nunca foi elevada foi desaparecendo. Para tal contribuiu sobremaneira a péssima exibição de William, sempre lento, perdendo a maioria dos lances divididos, e nas poucas vezes que subiu no terreno, expunha o centro da defesa aos ataques rápidos dos iranianos.

Adrien tentava compensar a inexistência de William, mas claramente não chegava, João Mário também apresentava grande lentidão de processos e Quaresma naõ tem tanta qualidade no momento defensivo.

Quase sem oportunidades, o golo surgiria num momento-chave, em cima dos 45 minutos, num remate que apenas Ricardo Quaresma poderia fazer. Uma trivela à entrada da área, em arco, com a bola a entrar no ângulo da baliza de Beiranvand, que nada podia fazer.

A segunda parte foi completamente diferente. O Irão subiu linhas, expôs-se mais a cada minuto que passou, e começou a criar alguns calafrios no último reduto português. É verdade que não criou lances gritantes de golo, mas com muito jogo pelas alas, foi encostando Portugal mais atrás, que mesmo tendo mais bola, voltou a mostrar todos os problemas de controlo de jogo que revelou frente a Marrocos.

Esta realidade foi mais claro depois do penalty falhado por Cristiano Ronaldo aos 53', que podia deixar o jogo e o grupo ganhos, mas ao invés moralizou os asiáticos e ainda deixou mais ansiosa a equipa campeã da Europa.

O pontapé de penalty foi o primeiro momento do VAR na segunda parte, onde acabaria por ser o protagonista. Porque aos 83' voltaria a entrar em ação por uma suposta agressão de Cristiano Ronaldo, que o árbitro puniu apenas com amarelo (e bem na minha opinião).

Já sobre o minuto 90', novo lance de análise do VAR, agora na área de Portugal, onde uma suposta mão de Cedric deu origem a pontapé de penalty que Karim não desperdiçou. Análise muito rígida pois claramente o lateral português foi mais vítima que culpado no lance, mas verdade seja dita já no Austrália-Dinamarca se tinha assistido a um lance idêntico que teve a mesma decisão.



Restavam mais 4 minutos de tempo de compensação e ao Irão restou bombear bolas para a área. E logo no primeiro lance que o fez após o golo, quase chegou à vitória, com Taremi a ficar na cara de Patrício após ressalto mas a atirar à malha lateral.

Ficava o susto e ficava garantido o apuramento luso. Tal como em França, a qualidade de jogo da seleção das quinas deixa muito a desejar. Existem mais opções, mais qualidade com jovens como Bernardo Silva, Guedes, Gelson ou Ruben Dias que melhoram o nível geral da equipa, mas em termos práticos tem-se visto zero. E o grande drama é sem dúvida o centro do meio-campo. O duplo pivot, seja William-Moutinho seja William-Adrien, tem estado muito abaixo do que seria suposto. O terceiro médio, que já foi Bruno Fernandes e João Mário, é o outro ponto que explica o fraco jogo exibido. Dificilmente há opções para mudar algo. William não tem ninguém para o seu posto e Manuel Fernandes nunca foi chamado ainda, quando talvez pudesse dar outras soluções. Tarefa muito difícil pela frente no sábado, mas Portugal de Fernando Santos já mostrou que a ditadura dos resultados tem tido 100% de sucesso. Continuará no sábado?

Man of the Match: Ricardo Quaresma

domingo, junho 24, 2018

MUNDIAL À LUPA: Foi com a explosão de uma Mina que se abriu o caminho


Foi preciso recorrer a uma Mina para abrir caminho a uma vitória inconstestável da Colômbia sobre uma pálida Polónia. Sob o signo do pé esquerdo de James e Quintero, os cafeteros somaram a primeira vitória e os primeiros pontos no Rússia 2018.

O jogo teve uma primeira parte com bastante intensidade mas nem sempre bem jogada. Sentiu-se bastante a ansiedade de ambas sabendo que uma derrota deixaria a equipa de fora do Mundial. Durante os primeiros trinta minutos, os ataques pareciam sempre em inferioridade, ficava sempre muita gente atrás, fosse dos europeus ou dos sul-americanos. Apenas no último quarto de hora a supremacia dos cafeteros se começou a fazer sentir de forma mais evidente.


E após excelente combinação entre Quintero e James, o médio que esteve emprestado pelo Real Madrid ao Bayern este ano fez o centro perfeito para Yerri Mina abrir o marcador. Uma explosão de alegria nas bancadas com a cor amarela a predominar e o mais difícil estava feito.


A Polónia ainda tentou mudar ao intervalo, com Grosicki, mas os polacos nunca foram muito perigosos, parecendo uma equipa curta, onde Lewandowski pareceu sempre perdido, sem que a bola lhe chegasse para fazer o que melhor sabe.


A Colômbia passou a ter espaço para atacar a profundidade nas costas da defesa polaca e foi assim que Quintero isolou Falcao para o golo que praticamente sentenciou a sorte da Polónia neste Mundial. Poucos minutos depois, James lançou Cuadrado que, qual mota, correu quase meio-campo em direção à baliza de Szczesny, e desviou a bola do guardião da Juventus e fechou as contas.





Uma demonstração de toda a qualidade dos cafeteros, que ficam assim a depender apenas de si para seguir em frente, mas que terão no Senegal um osso duro de roer pela frente. Já a Polónia, após uma tremenda fase de qualificação, fica de forma prematura para trás na competição, naquela que será até agora uma das maiores desilusões entre as seleções com alguma cotação no Rússia 2018. E se não conseguirem apresentar-se de cara lavada e com outra atitude com o Japão, poderão sair da Rússia a zeros e a obrigar que Senegal e Colômbia joguem já um mata-mata na 3ª jornada do Grupo H.

MUNDIAL À LUPA: Inu(i)sitado


O grupo H do Mundial Rússia 2018 é provavelmente o mais equilibrado do torneio e com maior qualidade na soma de todas as quatro seleções. O jogo desta tarde foi talvez dos mais interessantes deste Campeonato do Mundo, sempre bem jogado, com alterações constantes no marcador, e com a certeza que os dois teóricos favoritos, Colômbia e Polónia podem ficar de fora na fase de grupos sem que isso seja surpreendente para quem viu os jogos do grupo.

O Senegal entrou por cima, dominador, o que até surpreende pois esperava-se o inverso, com os africanos a apostar na velocidade do contra-ataque. Ao fim de 11' essa superioridade traduziu-se no marcador num golo caricato, mais um de muitos às três tabelas deste mundial, em que o guardião nipónico defendeu um remate com os punhos contra Sadio Mané, com a bola a ir para a baliza.

O jogo entrou a partir daí na toada que se esperava, com o Japão a assumir o jogo, sempre com muito critério na construção, com Sakai e Nagatomo bastante ofensivos, e com Hasebe a ser o primeiro a construir e com a bola sempre a passar pelos pés de Shibasaki. Ozako, o ponta de lança, sempre a vir tabelar atrás, de frente para a bola, dando soluções ofensivas diferenciadas. E depois os desequilíbrios de Inui, o extremo do Eibar, que vai jogar no Bétis na próxima temporada, com grande capacidade individual.

A excelente circulação de bola da equipa do Sol Nascente permitiu fazer face à menor envergadura física face aos senegaleses. Por isso, foi com justiça que Inui fez o empate à passagem dos 34', num remate em arco, em plena área, após subida de Nagatomo. Um excelente movimento e finalização do número 14 do Japão.

Na segunda metade a toada manteve-se, com o Japão sempre por cima e com uma enorme qualidade de jogo, rapidez, circulação muito bem feita e total domínio, com os africanos a procurar o contra-ataque sem que tenha conseguido criar muitas situações de golo.



Mas quando o Japão parecia mais perto da vantagem, depois de Osako ter falhado um golo feito onde falhou o toque final, seria o Senegal a voltar a colocar-se em vantagem num lance construído pelos dois laterais. Sabaly na esquerda teve um excelente trabalho individual que concluiu com cruzamento rasteiro com Wague a aparecer que nem uma flecha no lado direito da área e a atirar forte para o 1-2.

A vantagem não durou muito tempo, pois sete minutos depois, já com a outrora estrela do Japão em campo Honda, chegava novo empate num erro do guardião Ndiaye, que saiu a despropósito a um centro com a bola a sobrar para Inui ao segundo poste que atirou para a boca da baliza para Honda fazer o empate.

De facto nenhuma das equipas merecia perder, mas a haver um vencedor teriam que ser os nipónicos que a par do Senegal são das boas surpresas deste Mundial.

Man of the Match: Takashi Inui (Sadio Mané para a FIFA)

MUNDIAL À LUPA: Panamá aos papéis


Depois do caso dos Papéis do Panamá, foi a vez de vermos um Panamá aos papéis no Mundial Rússia 2018. O desequilíbrio foi tão evidente como o resultado o demonstra e não foi maior porque a Inglaterra decidiu jogar apens 45 minutos. Apesar de tudo foi bonita a festa do Panamá ao marcar o primeiro golo da sua história no Campeonato do Mundo de futebol, houve celebrações na bancada como se de uma vitória se tratasse e até lágrimas do autor do tento histórico, o mais veterano dos panamianos, Baloy.

O jogo não teve história. Aos dois minutos já era perdoado um penalty contra o Panamá mas aos 8' já Stones abria o marcador através de uma bola parada. Kane aumentou aos 22' de penalty e Lindgard fez o terceiro aos 36' num belo remate em arco do meio da rua. Aos 40' chegou o mais bonito momento da partida num lance de laboratório de bola parada que deixou a defesa do Panamá, mais uma vez, completamente aos papéis. Stones bisou e tornou-se o sexto defesa a bisar num jogo em toda a história dos mundiais.

Ainda haveria tempo para Kane bisar nos descontos, em mais um penalty que foi tão absurdo que nem se sabe qual dos dois o árbitro assinalou dado que num canto, dois jogadores do Panamá fizeram bloqueios e atiraram ao chão dois ingleses pelo que o difícil foi mesmo saber qual deles o árbitro assinalou ou se foi o primeiro penalty de que me lembro por duas faltas simultâneas.




O segundo tempo foi um tremendo bocejo, com os ingleses satisfeitos com o resultado, sem vontade de atacar e que só chegaram ao golo num desvio involuntário de Kane a remate de Loftus-Cheek, completando o hat-trick que o coloca como o rei dos marcadores até agora no Rússia 2018. Ele que um minuto depois foi descansar para dar lugar a Vardy.

Só mesmo o golo de Felipe Baloy teve o condão de deixar um traço de história neste jogo em que a Inglaterra conseguiu a sua maior goleada de sempre num Mundial.

Ainda há quem queira que o Mundial passe a ter 46 seleções. Para quê?

Man of the Match: Harry Kane

sábado, junho 23, 2018

MUNDIAL À LUPA: O gigante com pés de barro sabe escrever poesia


Como Gary Lineker diz, o futebol é um jogo de 11 contra 11 e no fim vence a Alemanha. Esta noite na Rússia acabou a ser um jogo de 11 contra 10 e no fim ganhou a Alemanha. Mas só mesmo ao soar do gongo e depois de muita insistência, quando parecia que os Deuses tinham virado em definitivo as costas aos campeões do mundo.

Tal como havia revelado na estreia frente ao México, a Mannschaft revela uma preocupante fragilidade na transição defensiva. Ora por perdas de bola infantis, como um passe errado de Kroos que esteve na origem de um golo de se lhe tirar o chapéu a Toivonen, ora por lentidão extrema na reação à perda, onde os adversários facilmente se vêem em situações de superioridade numérica ou mesmo isolados frente a Neuer, como aconteceu bem cedo no jogo, onde Berg, na cara do guardião alemão, foi empurrado por Boateng, sem que tenha conseguido marcar golo e com a complacência do árbitro e do VAR, num lance em que o central alemão poderia ter sido expulso.

Estas foram apenas duas situações, mas outras houve em que os suecos estiveram perto do golo precisamente em rápidas transições que puseram a nú as debilidades do gigante alemão que tem pés de barro na Rússia.

O quarteto da frente não recupera e o pendor ofensivo dos laterais expõe ainda mais o duplo pivot, hoje com Kroos e Rudy primeiro, e depois Gundongan devido ao nariz partido de Rudy, que não consegue suster os ataques adversários.

Ofensivamente a Alemanha tem muita bola, circula-a muito, mas tem dificuldades em criar situações de golo claras, surgindo a sua maioria em bolas despejadas na área ou lances de insistência pelo meio que por vezes acabam em carambolas que caprichosamente não entram.

Só mesmo quando Low percebeu que com Werner na frente não consegue marcar, colocando o gigante Mário Gomez no eixo, libertando o avançado do RB Leipzig para uma ala ao intervalo, a Alemanha conseguiu ser mais incisiva. E três minutos depois chegava ao golo por Reus.

Todo o segundo tempo foi um sufoco para os suecos, já sem capacidade para sair a jogar, apesar das tentativas do seu técnico nesse sentido, fazendo as três substituições na procura de ganhar velocidade e frescura na frente, para nunca tirar por completo os olhos da baliza de Neuer.



A Alemanha nunca abrandou esse pendor ofensivo e Low arriscou tudo, mesmo já reduzido a 10 por expulsão justa mas tardia de Boateng, tirando Hector e colocando Brandt. Só dois defesas e sete jogadores do meio-campo para a frente em busca do golo que permitisse aos campeões em título continuar a depender apenas de si.

Quando já parecia impossível que o golo alemão chegasse, depois de Brandt já ter acertado no poste num forte tiro à entrada da área ou de um grande cabeceamento de Gomez que Olsen salvou com a defesa da noite, Tony Kroos redimiu-se do erro que deu origem ao golo dos nórdicos e num livre lateral superiormente marcado, com pouco ângulo, fez o tento da vitória que já parecia uma miragem. Justiça poética! Pelo resultado e pelo golo de um dos melhores médios do mundo e que será sem dúvida um dos melhores golos deste Mundial.

Man of the Match: Tony Kroos (Marco Reus para a FIFA)

sexta-feira, junho 22, 2018

MUNDIAL À LUPA: Musa inspiradora


Foi preciso uma musa inspiradora para que a Nigéria levasse de vencida a Islândia após uma primeira parte em que os africanos nem sequer fizeram um remate à baliza nórdica e só tocaram na bola por duas vezes dentro da área dos europeus!

A Islândia é uma equipa onde falta criatividade e génio mas que faz quase tudo bem. Organização, princípios de jogo, intensidade, físico, velocidade, mas a quem falta a frieza na hora de colocar a bola na baliza. Já com a Argentina na estreia desperdiçou alguns lances claros de golo, mas esta tarde essa ineficácia foi mais latente. Os nórdicos dominaram toda a primeira parte, onde a Nigéria simplesmente não existiu.  Não conseguiu um só remate e só por duas vezes tocou na bola dentro da área islandesa. Já os europeus, apesar de não terem traduzido a sua superioridade em muitas oportunidades, estiveram por duas vezes quase a marcar, em especial numa bola parada que Finnbogason não conseguiu desviar para a baliza nigeriana.

Porém, o segundo tempo trouxe uma Nigéria transfigurada, muito por culpa de ao primeiro remate ter chegado ao golo. Musa, qual fonte inspiradora dos africanos, com um grande domínio e finalização na área islandesa, abriu o marcador e transfigurou a partida, uma vez que inverteu deixou os islandeses em terrenos onde não se sentem tão confortáveis e permitiu à Nigéria fazer o jogo que mais gosta.

Obrigados a assumir a partida e deixar espaços nas costas, notou-se sobremaneira a falta de génio dos islandeses para abrirem o último reduto dos nigerianos, que souberam quase sempre travar o jogo adversário. Ao invés, a Nigéria passou a ter muito espaço entre a defesa e meio-campo da Islândia para colocar em ação a velocidade da grande maioria dos seus jogadores.



Ndidi primeiro, Musa depois com remate à barra, deixaram a clara impressão que a Nigéria podia matar o encontro e assim o fez, com bis de Musa em mais um grande trabalho do avançado do Leicester que terminou a época no CSKA Moscovo, seu antigo clube, por empréstimo dos ingleses.

Com apenas quinze minutos no cronómetro, tudo parecia decidido, até que um pontapé de penalty cometido pelo lateral que o Benfica contratou na Holanda, Ebuehi, e apenas assinalado através do VAR, parecia permitir aos islandeses reentrar no jogo, mas a estrela dos vikings, Sigurdsson, desperdiçou o castigo máximo atirando a bola para as nuvens.

A vitória nigeriana reacende a esperança da Argentina que passa a depender de uma vitória sobre a Nigéria para seguir em frente, desde que a Islândia não bata a Croácia, o que não parece muito provável.

Man of the Match: Ahmed Musa

MUNDIAL À LUPA: Sair da cama para ir ao banco rendeu juros


Depois de uma estreia em que o resultado deixou a desejar para aqueles que são um dos principais favoritos à vitória, o Brasil repetiu durante 45 minutos a prestação da primeira jornada. Talvez porque à hora que entraram em campo, eram apenas 9h da manhã no seu país, a canarinha parecia que estava ainda a sair da cama. Felizmente, em boa hora Tite decidiu ir ao banco levantar o ouro da reserva brasileira e mudar por completo o jogo que só não terminou em goleada devido a extraordinária exibição de Keylor Navas.

O jogo começou em ritmo baixo, fruto da toada muito defensiva da Costa Rica, com o Brasil a não conseguir acelerar o seu jogo, praticamente só criando algum volume ofensivo através de Marcelo que por mais do que uma vez tentou alvejar a baliza do seu colega do Real Madrid. Neymar voltava a usar e abusar das fintas o que resultou em várias perdas de bola e faltas sofridas, pouco contribuíndo para o coletivo.

Os costarinquenhos, nas poucas vezes que saíram do seu reduto mais recuado, ainda conseguiram criar alguns calafrios à defesa brasileira, mas nenhum lance claro de golo daí resultou.

Apenas com a troca de William (muito apagado) por Douglas Costa ao intervalo é que o Brasil conseguiu finalmente dar velocidade ao seu futebol e a partir daí começou um verdadeiro massacre à baliza da Costa Rica. Nos primeiros 15 minutos do segundo tempo foram tantas as oportunidades que Navas, a sua defesa ou a falta de pontaria do escrete evitaram que resultassem em golo.

Neymar começou a aparecer a um nível superior, menos colado à linha, Douglas Costa com muitos movimentos diagonais a desequilibrar e grande verticalidade do trio do meio-campo brasileiro tornaram quase impossível a tarefa da defesa da Costa Rica. E quando Roberto Firmino entrou por Paulinho acentuou-se ainda mais a tendência do jogo.

Em todo o segundo tempo a Costa Rica apenas conseguiu ir até à baliza de Alisson por duas vezes, enquanto os brasileiros a cada minuto rondavam o golo que tardava em chegar. Pareceu estar perto a 15 minutos do fim, quando foi assinalado penalty pelo holandês Bjorn Kuipers, que foi salvo pelo VAR dado tratar-se de uma simulação de Neymar.




Os últimos minutos foram pródigos em perdas de tempo da Costa Rica, que fez por momentos parecer que estavamos a assistir a um qualquer jogo da Liga NOS. Os brasileiros desesperavam com as perdas de tempo mas um minuto após terem visto que tinham seis minutos para pôr a justiça no marcador, Coutinho acabava finalmente com o drama e volta a marcar como na primeira jornada. A festa foi enorme pois seria uma tremenda falsidade outro resultado que não a vitória do escrete.

A supremacia foi tal que ficou bem patente nos descontos em que mesmo depois do golo a Costa Rica praticamente não tocou na bola, não passou do meio-campo, tendo a canarinha controlado o tempo restante a seu belo prazer ao ponto de conseguir aumentar o placard para 2-0 aos 90+7 através de Neymar que finalmente pareceu ter chegado ao Mundial.

Após 45 minutos em que pareceu que ainda estava na cama, o Brasil teve uma exibição avassaladora, provavelmente a melhor de um favorito até ao momento neste Campeonato do Mundo.

Man of the Match: Keylor Navas (Coutinho para a FIFA)

quinta-feira, junho 21, 2018

MUNDIAL À LUPA: Um Caballero estendeu a passadeira e Modric vestiu o fato de gala para passear classe.



A Argentina foi esta noite vergada a uma pesada derrota aos pés da Croácia e se os números fossem superiores não escandalizaria ninguém. Os croatas fizeram uma exibição fantástica a todos os níveis ao invés da Argentina que não consegue livrar-se do emaranhado tático que Sampaoli criou, do qual nem Messi conseguiu sair.

Depois de uma péssima exibição frente à Islândia, Sampaoli mudou o figurino, apostando num 3-4-3 que serviu para tornar ainda mais confuso o futebol dos homens do país das Pampas. Nas laterais, duas avenidas expunham a defesa argentina aos perigosos ataques croatas e por duas vezes estiveram próximos do golo na primeira parte, ao contrário dos argentinos que só à passagem da meia hora tiveram uma real oportunidade para marcar que Enzo Perez desperdiçou quase de baliza escancarada. A Croácia, que reforçou o seu meio-campo com Brozovic, libertando Rakitic e Modric para a criação, em especial o capitão, jogador do Real Madrid, que demostrou em todo o jogo o quanto pode oferecer à partida se não viver tão limitado como acontece nos merengues. Nas alas Rebic, especialmente, mas também Perisic desequilibravam na procura de Mandzukic que por mais do que uma vez no encontro podia ter chegado ao golo.

Já os argentinos, tinham os bem conhecidos Salvio e Acuña nas alas, mas por serem extremos de origem davam muito espaço nas costas e o sistema de três centrais ficava exposto, pois se a atacar abriam para a zona lateral do campo (Mercado na direita e Tagliafico na esquerda), a defender encostavam a Otamendi, deixando as laterais muito vazias. No meio, Mascherano e Enzo eram um duplo pivot e Messi e Meza tentavam ligar com Aguero, sempre algo perdido na frente de ataque dado que Messi arrancava muito detrás, tendo muita dificuldade para se libertar da marcação cerrada de Brozovic.

Logo a abrir a segunda parte, um perfeito disparate do guardião argentino, Caballero, deu a Rebic a oportunidade de encher o pé para o primeiro da Croácia. O guardião fez jus ao nome ao tentar picar a bola sobre o croata para a dar a Mercado, e Rebic fez um grande golo pois apesar da oferta a execução não era fácil.


Estava aberta a caixa de Pandora. Sampaoli, uma pilha de nervos todo o jogo, arriscou ainda mais, não ao trocar Salvio e Aguero por Pavon e Higuain, mas ao colocar Dybala por Enzo Perez. O ténue equilíbrio da equipa das pampas esfumou-se e a partir daí foi ver Modric a lançar constantes contra-ataques que arrepiavam Maradona nas bancadas. Só a 10 minutos do fim é que finalmente a Croácia matava o jogo, num momento épico de Modric. Um trabalho individual de classe mundial que culminou com o pontapé perfeito de fora da área, sem hipóteses para Caballero.

Houve ainda tempo para Rakitic acertar na barra num livre direto, mas três minutos volvidos, o médio do Barcelona colocava o ponto final ao fazer o terceiro a concluir mais um contra-ataque contra o queijo suíço que era o último reduto dos sul-americanos.
E Messi? Até agora ninguém o viu pelos relvados russos. A dependência do capitão argentino é tal que os adversários limitam a sua ação a anular o craque do Barcelona, fazendo até parecer fácil essa missão.

Man of the Match: Luka Modric

MUNDIAL À LUPA: Na luta do poleiro, cantou mais alto o galo


Foi uma verdadeira luta pelo poleiro aquele que opôs a França e o Perú esta tarde. Duas equipas com estilos muito opostos, mas que se revelou muito equilibrado na maioria do encontro. Os peruanos, depois de fantástica exibição na estreia, onde apenas a falta de pontaria justificou a derrota tal a supremacia sobre os dinamarqueses, fizeram uma alteração fundamental, a entrada da grande referência atacante, Paolo Guerrero. Já os franceses, optaram por Matuidi para dar mais bola no lugar de Tolisso, e Giroud na frente, para ter um target player, ao invés da aposta em três setas como frente à Austrália, onde faltou peso na frente.

A França foi superior durante quase toda a primeira parte, mostrando que estava pronta para cantar de galo. Já o Perú, apenas durante um período no meio do primeiro tempo conseguiu ter supremacia. Contudo, mesmo os franceses por cima, os sul-americanos, com as suas transições rápidas, em especial pela direita, onde Advíncula esteve muito ativo, e Carrillo voltou a ser o desequilibrador de serviço, nunca tirou os olhos da baliza de Lloris, não dando descanso ao último reduto gaulês.

Mais despertos do que na estreia, muito graças às alterações que Deschamps introduziu no onze, o único golo da partida surgiu numa boa combinação ofensiva onde o remate bloqueado a Giroud sobrou para a boca da baliza deserta onde Mbappé só teve de encostar.

O avançado do PSG esteve bastante ativo, assim como Griezmann, que numa posição mais central se sentiu como peixe na água.



Obrigados a pelo menos empatar para evitar a prematura eliminação, os peruanos assumiram o jogo na segunda parte, com uma entrada muito forte e um remate de fora da área de Aquino que embateu com estrondo no poste da baliza dos franceses.

Até final o Perú nunca desistiu de procurar o golo da salvação, sem que a França voltasse a tentar esticar muito o seu jogo. A bola no poste acabou por ser o canto do cisne, não do Perú, porque quem terminou a cantar de Galo foram os franceses que carimbaram o apuramento para os oitavos, juntando-se à Rússia e Uruguai.

Man of the Match: Kylian Mbappé

quarta-feira, junho 20, 2018

MUNDIAL À LUPA: Só uma bola de bilhar derrubou o bunker nuclear iraniano


Foi preciso uma bola de bilhar às três tabelas para fazer desabar o bunker que Carlos Queiroz montou para parar a Armada Espanhola. Ao longo de 45 minutos, o bunker nem sequer tremeu com os ataques de nuestros hermanos. O técnico português colocou duas linhas tão baixas e próximas que houve momentos que o sistema tático dos asiáticos mais parecia um 6-4-0 ou 6-3-1.

Os espanhóis, no seu jogo habitual de muita posse, tentavam entrar no último reduto pelas alas, pelo meio, mas exageraram na falta de objetividade, quase parecendo que queriam entrar com a bola na baliza de Beiranvand.

Nas poucas vezes que saíram do bunker, os iranianos mostraram qualidade apesar de nunca ter sido suficiente para causar calafrios à defesa liderada por Sérgio Ramos.

Na segunda metade a equipa espanhola pareceu transfigurada para melhor, sempre com o seu carrousel habitual, com Isco como elemento-chave, mas mais objetiva e finalmente criando desequilíbrios. Porém, depois de algumas oportunidades, o golo só surgiria numa bola às três tabelas, onde um defesa do Irão, ao tentar desarmar Diego Costa, chutou contra o joelho do hispano-brasileiro, com a bola a só parar no fundo da baliza do Irão.

O bunker iraniano desabava com uma simples bola de bilhar, quando havia resistido a todas as tentativas bélicas espanholas. Porém, quando se pensou que estava feito o mais difícil e a Espanha partiria para o avolumar do marcador, foi a vez dos iranianos saírem do bunker com artilharia pesada, que só a muito custo não resultou na reposição da igualdade.



O Irão até festejou o empate, mas viu o golo ser anulado e bem, por fora-de-jogo e mão. Mas outras oportunidades surgirião, e por muito pouco De Gea não acabou a ir buscar a bola ao fundo das suas redes. No lance mais perigoso e mais espectacular do ataque de Queiroz, Mehdi "humilhou" Piqué com um túnel e serviu o ponta-de-lança da sua equipa que na área desviou de cabeça com a bola a passar pouco por cima da barra.

Foi essa a toada até final, um Irão dominador, com qualidade no processo de construção, que mostrou que o armamento à disposição talvez não justificasse a aposta no bunker. Muitas dificuldades esperam Portugal para ultrapassar o fantástico trabalho que Carlos Queiroz desenvolveu à frente dos iranianos. Os espanhóis deixaram uma imagem mais pálida que a da estreia, um pouco à imagem de todos os favoritos até ao momento neste Mundial.

MUNDIAL À LUPA: O novo rei de selva é o bode


Perante uma bando de leões esfomeados, quem diria que seria um bode (G.O.A.T - Greatest of all times) a ficar com a presa. Depois de um empate na estreia frente à Espanha, onde sem dúvida o resultado soube melhor que a exibição, Portugal fez a pior exibição dos últimos anos num grande evento. Mas somou os três pontos e apenas isso conta após o final da partida.

Depois de novamente entrar no jogo a ganhar, num canto em que Cristiano Ronaldo apareceu no meio da área a finalizar sem oposição, seguiram-se mais 90 minutos de futebol onde Portugal foi um equívoco, sem conseguir respirar perante os Leões do Atlas que, depois de já terem tido uma entrada semelhante contra o Irão, mas que só durou 20 minutos, nunca perderam o apetite.

A seleção das Quinas parecia num colete de forças, incapaz de trocar a bola, perdendo-a a cada dois ou três passes. O meio-campo marroquino asfixiava por completo a saída de bola de Portugal, com o quinteto dos africanos sempre a correr de forma incessante e rapidamente a recuperando. O jogo partia quase sempre das alas, com Amrabat na direita a fazer gato sapato de Raphael Guerreiro que nunca conseguiu travar o veterano extremo.

Os movimentos verticais do meio-campo dos leões rompiam por completo a segurança defensiva, total incapacidade de Moutinho e William para suster a cavalgada contrária, que obrigou Fernando Santos a mudar João Mário para o meio e Guedes para a ala esquerda, passando para um 4-3-3.

O caudal ofensivo dos marroquinos nunca se alterou e Portugal apenas por uma vez em toda a partida voltou a criar perigo, à beira do intervalo, com Guedes, servido pelo capitão Ronaldo, a falhar na cara do guarda-redes marroquino que evitou o segundo com uma defesa competente.

Do lado contrário, o avolumar de oportunidades foi uma constante, várias bolas passaram muito perto do golo, especialmente em bolas paradas, com o momento alto a chegar a meio do segundo tempo onde Rui Patrício, qual Gordon Banks, fez a defesa da tarde e segurou assim a vitória lusa.


Hervé Renard foi refrescando a sua equipa sem nunca mudar o sistema, uma vez que a supremacia era evidente, já o engenheiro Fernando Santos, tentou de tudo para reentrar na partida, primeiro apostando na velocidade de Gelson no lugar de um irreconhecível Bernardo Silva, mas o extremo formado no Sporting conseguiu perder ainda mais bola que o médio do City, sem que tivesse acrescentado nada à partida. Depois foi Bruno Fernandes a assumir o lugar de João Mário, que também passou completamente ao lado da partida, mas a sua entrada pouco contribuiu para aliviar a pressão. Por fim, Adrien rendeu um esgotado Moutinho, dos poucos que se salvou do naufrágio, já quase no final.

O nível exibicional e a incapacidade de controlar a bola e o jogo são preocupantes, mas os três pontos ficam do lado de Portugal. Marrocos despede-se do Mundial sendo talvez a seleção que maior intensidade teve nos jogos que disputou, que mais caudal ofensivo e oportunidades criou, mas somou duas derrotas pela margem mínima, sem nunca conseguir traduzir em golos tamanha superioridade. Na estreia sofreu no último minuto dos descontos, hoje ainda na madrugada da partida. Um duro golpe para uma equipa que dá gosto ver jogar.


Man of the Match: Nordin Amrabat (Cristiano Ronaldo para a FIFA)

terça-feira, junho 19, 2018

MUNDIAL À LUPA: As setas rebentaram o balão polaco




A magia africana chegou à Rússia. Uma tribo munida de setas tomou conta do relvado em Moscovo e qual regime totalitário anexou a Polónia durante grande parte do jogo. E quando os europeus finalmente conseguiram dar um ar da sua graça, um disparate em forma de balão de Krychowiak matou as aspirações da sua equipa, mesmo que depois o médio do PSG tenha quase conseguido a redenção.

A aposta de Adam Nawalka em dois pontas-de-lança, Milik e Lewandowski, foi um tremendo tiro no pé para os polacos que passaram o primeiro tempo completamente perdidos no campo, com os avançados  muito afastados do resto da equipa, enquanto os senegaleses, com três setas na frente, Mané, Sarr e Niang, parecia uma equipa de gazelas que cada vez que avançava no terreno e explorava a profundidade colocava em sobressalto todo o último reduto polaco, orfão de Glik, que muita falta fez ao jogo.

Com forte caudal ofensivo e domínio da partida, foi sem surpresa que o Senegal se colocou em vantagem aos 37', num golo que mais parecia de bilhar às três tabelas, com o remate de Guaye a sofrer dois desvios, o último de Cionek, que bateu o guardião Szczesny.

Com a alteração tática do técnico polaco ao intervalo, os polacos começaram finalmente a colocar problemas ao último reduto dos africanos, que já não tinham as linhas tão subidas no terreno. Porém, quando Lewandowski e companhia tentavam chegar à igualdade, o médio Krychowiak fez um balão completamente disparatado de meio do meio campo senegalês em direção à sua área, que Niang, qual seta saída da linha lateral após assistência (o árbitro deu ordem de entrada ainda antes do atraso do polaco), chegou primeiro que o central e o guardião polaco e conduziu a bola até ao fundo das redes.




O segundo golo praticamente matou as aspirações polacas que ainda assim acabariam por reduzir pelo mesmo Krychowiak, no vigésimo golo de bola parada deste Mundial, quando havia apenas quatro minutos de tempo regulamentar no relógio. Tarde demais para a Polónia que se vê agora numa posição muito desfavorável e tendo de enfrentar a Colômbia na próxima jornada, também ela com zero pontos. Um jogo a eliminar à segunda jornada?

Man of the Match: Mbaye Niang

MUNDIAL À LUPA: Mesmo quando o sol nasce é preciso café para levantar da cama



Foi preciso muito café para fazer o Japão acordar depois de ter madrugado no marcador. É que ainda não se tinha atingido os cinco minutos de jogo e os cafeteros ficavam reduzidos a 10 unidades por mão de Carlos Sanchez que deu origem a um penalty que Kagawa transformou em golo. Mas o golo pareceu ter efeitos soporíferos para os nipónicos que só depois de muito café colombiano despertaram para a vitória.

Foi um jogo atípico pois a Colômbia jogou desde os cinco minutos com menos um jogador. Obrigados a rever a sua forma de estar no campo, com Quintero preso em termos criativos para tapar o buraco que Sanchez deixou no centro da intermediária ao ser expulso e Izquierdo a compensar com movimentos interiores, os cafeteros conseguiram ainda assim dominar toda a primeira parte. É que os homens do país do sol nascente não aproveitaram a vantagem no marcador e deixaram-se ficar toda a primeira parte na expectativa, pouco arriscando em termos ofensivos, permitindo aos sul-americanos dar a ideia que quem estava em vantagem numérica eram eles, especialmente se olharmos para a posse de bola que era dominada pela Colômbia.

Talvez já cansados de todo o esforço que os conduziu ao empate, os cafeteros baixaram linhas e permitiram aos nipónicos assumir o jogo, criando algumas ocasiões de golo, quase sempre graças à excelente exibição de Inui, que esteve perto de faturar por mais do que uma vez. Seria porém Osako quem na sequência de um canto (e vão quase 20 golos de bola parada, 19 em 34 até este jogo, sendo que todos os desta partida foram marcados dessa forma) a subir mais alto que toda a defesa contrária e a fazer o golo que deu os três pontos aos nipónicos.

Só mesmo o livre de Quintero (batido de forma rasteira surpreendendo tudo e todos) que resultou no empate aos 39', fez despertar os nipónicos, que vieram para o segundo tempo com outra vontade e adrenalina, talvez pelo excesso de café de qualidade que foi servido nos primeiro 45 minutos.



A Colômbia voltou a tentar o empate, já com a sua maior estrela em campo, James Rodriguez, poupado no onze (dez?) inicial devido a fadiga muscular, e ainda causou alguns arrepios aos asiáticos, mas nada que os tenha deixado de olhos em bico. Mau começo para uma das boas equipas sul-americanos e a segunda vitória asiática neste Mundial Rússia 2018.

Man of the Match: Takashi Inui (Osako para a FIFA)