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quarta-feira, agosto 06, 2014
O clone que já nem leões caçava
172 golos depois, o mais temido avançado dos relvados portugueses nos últimos sete anos parte para paragens turcas, depois de tantas novelas de verão promovidas pelo seu empresário, querendo sempre promover a tão desejada transferência.
Estranho é que apesar de tantos golos marcados, sempre foi um mal amado dos adeptos encarnados, a quem chegou ao ponto de mandar calar num jogo da Champions, na Luz, frente ao Hapoel Telavive, em setembro de 2010. Muito mole, deselegante, fraco tecnicamente, a verdade é que tem um killer instinct como poucos. Um pouco à imagem de Mário Jardel, nunca atingiu o topo do futebol europeu (e curiosamente faz o mesmo trajeto Portugal-Turquia... neste caso com poucas probabilidades de regresso, ao contrário do que se verificou com Super Mário) pelos adjetivos pouco simpáticos acima atribuídos a Takuara. É que apesar de marcar golos ser o mais importante do futebol, nem sempre aqueles que o fazem em todos os jogos são considerados suficientemente bons para determinados voos.
Contudo, Cardozo já não era o mesmo desde o incidente no Jamor com Jorge Jesus. Teve uma época apagadíssima, a sua pior época, na temporada de sonho dos encarnados. Fruto de lesão, mas também de um nível muito baixo demonstrado depois da recuperação. Quem se vai embora não é o outrora caçador de leões, que tantos pesadelos deu aos adeptos de Alvalade, que tremiam ao ouvir o seu nome, é talvez um clone, desajeitado, sem vontade e que já nem dominar uma bola parece ser capaz de fazer.
Vai-se embora porque o clone não serve, não porque (como dizem muitos) já não encaixa no estilo de jogo de Jesus, que privilegia dois avançados rápidos e móveis. Os goleadores cabem em qualquer equipa. E são indiscutíveis. Mas esse Cardozo já não existe. Quiçá renasça no fogo turco, mas na Luz já só restava a sua sombra e dessa ninguém terá saudades. Nem mesmo numa equipa tão debilitada como a que isso aparentou na pré-época.
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