quarta-feira, julho 02, 2014

Chocolate Belga

Até faltou o fôlego! Que jogão! Talvez o melhor do Mundial. Golos, para que vos quero? O terceiro nulo no tempo regulamentar nestes oitavos e o terceiro que se resolveu no prolongamento, depois de Alemanha e Argentina terem seguido em frente da mesma forma. E todos eles grandes jogos de futebol, repletos de emoção e onde quase não se notou a falta do sal do futebol .

O jogo que fechou os oitavos do Mundial foi provavelmente o melhor jogo do torneio. Tim Howard, guardião norte-americano, foi o herói ao adiar o inevitável. Aguentou estoicamente o nulo até ao final dos 90 minutos, com defesas impossíveis, a tantas oportunidades que os dedos das mãos foram insuficientes para contar. A Bélgica era considerada pela maioria das casas de apostas como uma das cinco maiores favoritas, mas apesar de ter ganho o seu grupo com três vitórias, o futebol apresentado levantou muitas dúvidas a quem lhe tinha concedido esse favoritismo. Esta noite a resposta foi cabal. Uma degustação do mais fino chocolate belga, numa avalanche de futebol ofensivo que os EUA nunca conseguiram parar, excetuando Howard. De Bruyne, Hazard, Mertens, Origi e depois Mirallas e Lukaku estiveram em grande destaque, com constantes combinações ou fintas quer permitiram a criação de mais de uma dezena de oportunidades claras, que chegaram e sobraram para resolver o jogo no tempo regulamentar. E na defesa, o capitão Kompany foi um gigante que travou quase tudo.

Mas a verdade é que no último minuto dos 90, os EUA falharam a sua mais clara oportunidade que tiveram, com Wondolowski a falhar na cara de Courtois, o que seria o maior golpe de teatro do Mundial. Só mesmo no prolongamento os diabos vermelhos conseguiram derrubar a armada americana em dois golos construídos e concluídos por De Bruyne e Lukaku, no primeiro com o médio a concluir jogada do recém-entrado avançado e o segundo com os papéis invertidos entre os dois protagonistas.

Tudo parecia resolvido mas no último fôlego os EUA demonstraram que a resiliência é o seu nome do meio. Julian Green fez um grande golo e relançou a partida logo no início da segunda parte do tempo extra. A Bélgica encostou-se atrás e por mais do que uma vez o empate esteve á beira de acontecer, mas Courtois ou a falta de pontaria salvaram os belgas, no que seria uma tremenda injustiça para os homens de Marc Wilmots.

A Bélgica mostrou porque é uma das favoritas e parece claramente melhor preparada do que a Argentina, seu próximo adversário. Porém quem tem Messi e Di Maria pode ganhar a qualquer equipa, mesmo com um treinador medíocre.

Palavra final para os EUA, saem do Brasil com uma imagem fortalecida. São referência no desporto mundial, mas nunca o foram no Futebol. Estão no bom caminho e parecem ter despertado o país para as maravilhas deste desporto. Não são um primor de criatividade, mas como se de um exército se tratasse, tem uma organização férrea e cumprem com rigor os princípios básicos do jogo, se produzirem um ou dois talentos acima da média, este grupo de soldados poderá sonhar com outros voos.

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