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quinta-feira, outubro 02, 2014
Um poço sem fundo
Vulgar. Banal. Fraco. Estes poderão ser alguns adjetivos para caracterizar o nível apresentado pelos clubes portugueses nas competições da UEFA este ano. Com a exceção do FCP, que apesar de tudo lidera o seu grupo, mas que teve uma exibição sofrível e por muito pouco não perdeu os três pontos na Ucrânia.
Mas mais do que analisar as exibições das equipas portuguesas, importa alertar para o início do declínio que se prevê do futebol nacional em termos europeus. Disso é paradigma o campeão nacional SL Benfica, cuja prestação na Champions envergonha o menos ferrenho dos adeptos. Tudo porque viu sair algumas das suas principais figuras e reforçou-se como pôde, sem grandes meios financeiros para tal, e com alguns investimentos duvidosos, como o grego Samaris, que ainda nada mostrou, mas que dando o benefício da dúvida sobre o seu valor, dificilmente valerá os 10M€ pagos pelo seu passe.
É certo que a procissão ainda vai no adro e se o Porto tem a faca e o queijo na mão para seguir na prova, até porque o At.Bilbau é uma sombra do que é habitual, Benfica e Sporting ainda podem sonhar caso levem a melhor nos dois jogos que se seguem, frente ao Mónaco e Schalke, respetivamente. Tarefa teoricamente mais acessível para as águias que para os leões, mas na realidade a nenhum dos dois se afigura fácil tal cenário.
É certo que Portugal tem escalado o Ranking da UEFA, tendo até iniciado a presente temporada no quarto lugar, à frente da Itália, algo impensável há alguns anos. Graças às prestações na Liga Europa, onde o Benfica nos últimos cinco anos atingiu duas finais e uma meia-final, o FC Porto venceu a competição por uma vez, o Sporting de Braga foi finalista vencido nessa temporada frente aos Dragões e o Sporting atingiu uma meia-final. Percurso brilhante das equipas nacionais na segunda divisão da Europa, mas mesmo esta prestação será certamente sol de pouca dura. O nível do futebol português está em claro declínio, fruto de dificuldades financeira e em breve do fim dos fundos (previsto para 2017/2018?). A estratégia que tem permitido a Benfica e Porto contratarem jogadores que dificilmente viriam para Portugal foi proibida pelas instâncias superiores do futebol internacional. Isso irá provocar um maior desnível entre os tubarões europeus e os melhores do nosso país. O caminho terá inevitavelmente que passar pela formação. Não há outra saída. Com academias de referência a nível mundial, as infraestruturas estão lá, falta a aposta nos jogadores, com exceção do Sporting, que ainda assim tem sido o único a seguir esse caminho. Curiosamente, esta época pela primeira vez pareceu querer inverter a tendência, contratando uma série de jogadores estrangeiros, mas que até à data não se revelaram superiores aos que saem da Academia de Alcochete.
No Dragão optou-se por um timoneiro espanhol proveniente das camadas jovens da Real Federação Espanhola que não teve pejo em promover um jovem de 17 anos à titularidade, Ruben Neves. É um pequeno passo num novo caminho, onde o clube poderá sentir algumas dificuldades dado que, apesar de alguns talentos, há menos escolha que nos grandes de Lisboa.
O Sporting, apesar da ligeira inversão de caminho, acima referida, terá de regressar à estratégia inicial. Ultrapassado pelos rivais da Segunda Circular no que há formação diz respeito, os leões continuam a formar vários talentos que esperam por uma oportunidade para se destacarem. Com estratégia idêntica dos rivais, os verde-brancos poderão ficar mais próximos dos títulos que há tantos anos lhes fogem.
Por fim, na Luz, adivinha-se um fim de um ciclo no término desta temporada. Jorge Jesus deverá pôr fim a um ciclo de seis anos (pelo menos assim parece pelas declarações de treinador e presidente na pré-época). Homem indicado para treinar equipas talentosas, quando falta as soluções, está longe de encaixar no perfil do treinador-formador, capaz de fazer de jovens das camadas jovens as estrelas da equipa (até porque a confiança que tem neles é pouca ou nenhuma).
2015/2016 poderá ser o início de um novo paradigma no futebol português, à beira de um precipício sem fundo. É certo que os primeiros anos não deverão ser muito positivos, mas a médio prazo é possível sonhar com um novo crescimento caso a formação continue a ser bem trabalhada pelos três maiores do futebol português. E sem dúvida que será a Seleção Nacional a grande beneficiada deste novo paradigma.
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