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domingo, outubro 26, 2014
Re(a)lançado
Uma vitória catalã no Super Clássico desta tarde seria um rude golpe nas aspirações merengues para a Liga 2014/2015. Com quatro pontos de avanço, os de Barcelona podiam alargar para sete a diferença e apesar de ainda irmos na 9ª jornada, começava a ficar complicado para o Real acreditar que era possível inverter um potencial mau resultado caseiro.
E o jogo até começou como muitos outros acabaram nos últimos anos no Bernabéu entre estes dois, com o Barcelona a ganhar (há dois anos tive a felicidade de ver este jogo ao vivo, neste mesmo estádio, que terminou com vitória catalã por 1-3, com Mourinho no banco impotente para reverter o rumo dos acontecimentos). Neymar marcou logo aos 2 minutos, a passe do estreante Luís Suarez (ainda deu outro golo a Messi que Casillas brilhantemente evitou).
Pensou-se que a história ia repetir-se e o campeonato espanhol ameçava ficar pouco emotivo. Puro engano, o Real reagiu e de que maneira. Lances de perigo consecutivos, um deles com Karim Benzema a atirar ao ferro por duas vezes, adivinhando-se que o empate chegaria.
E chegou mesmo, na transformação de uma grande penalidade, clara por mão na bola de Piqué. E obviamente teria de ser o suspeito do costume a marcar, Cristiano Ronaldo, aumentando a sua série de jogos consecutivos a faturar e fugindo ainda mais na tabela do Pichichi de La Liga.
O Barcelona acusou o golo e nunca mais se reencontrou. Já o Real, privado de Bale, manteve a sua nova fórmula de jogo, com Isco na esquerda, James à direita e um duplo pivot no centro com Kroos e Modric, ambos muito batalhadores e com grande capacidade de construção. Um paradigma tático inovador dado que usa dois jogadores que são mais ofensivos que defensivos mas que se complementam e compensam muito bem nas transições e que lutam sempre com tudo pela recuperação da posse de bola. Na frente, Ronaldo e Benzema, ambos com total mobilidade, funções novas para o português que também já está a ser usado desta forma por Fernando Santos na seleção nacional. Será a transição para a nova fase da carreira de Ronaldo, a fase dos 30 anos que chegam em fevereiro próximo?
O Real acreditou na remontada que acabou mesmo por chegar, aos 10' do segundo tempo, na sequência de um canto de Kroos, com Pepe a aparecer no coração da área, livre de marcação e a atirar de cabeça, no segundo andar, de forma imparável para o fundo das redes de Cláudio Bravo. O segundo golo sofrido pelo Barça neste jogo e na Liga, pois antes do Super Clássico, nenhuma equipa espanhola havia ainda feito balançar as redes dos catalães.
Luis Enrique tentou mudar o rumo dos acontecimentos, lançou Pedro, Sergi Roberto e Rakitic, mas o futebol pouco objetivo do Barcelona tornou-se quase inofensivo, com exceção de um grande tiro do francês Matthieu (que jogou a lateral esquerdo em vez de central) que Casillas impediu de chegar ao fundo da sua baliza com impressionante estirada.
Ao invés, o Real, venenoso em contra-ataque, aproveitou as imensas perdas de bola dos catalães quer em transições quer em ataque organizado, para chegar ao terceiro e último golo, com Karim Benzema a fechar as contas não desperdiçando a oportunidade sozinho perante o chileno Bravo, dez minutos depois dos madrilistas se terem colocado em vantagem.
Muitas outras situações semelhantes houve, mas o último passe nunca entrou. Felizmente para o Barcelona ou o peso da derrota seria bem maior, vergando os catalães a uma humilhação que poucos suporiam antes da partida.
A Liga Espanhola ficou assim totalmente relançada, com os merengues a apenas um ponto da liderança, que poderá ser partilhada por Barcelona e Sevilha já amanhã, caso os andaluzes vençam o Villareal, no Estádio Sanchez Pizjuan. Logo atrás do Real, surge o Valência de Nuno Espírito Santo, com menos um que os merengues, podendo juntar-se aos valencianos o campeão em título, Atlético de Madrid, que amanhã tem uma curta deslocação ao campo do Getafe.
Quem pensou que as duas derrotas do Real no início da época, perante Atlético de Madrid e Real Sociedad eram sinónimo de fraqueza, estava completamente enganado. Real, Barça e Atlético podem ganhar o título numa luta que se prevê muito renhida até final, à imagem da época transata. A dúvida maior será saber se e quando Sevilha e Valência perdem o grupo de crónicos candidatos ou se, pelo contrário, conseguirão seguir neste comboio da frente.
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