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domingo, julho 23, 2017
Três caminhos para uma mesma meta - SL Benfica
Faltam 15 dias para o arranque da Liga NOS 2017/2018... e 6 semanas para o fim do mercado de Verão. Nesta fase são sempre muitas as expectativas para a nova época. Os adeptos entusiasmam-se com cada toque na bola que um novo reforço dá, com a manchete do jornal que promete mais um craque, mesmo que nunca tenham visto mais do que um vídeo do Youtube desse mesmo jogador, onde facilmente um qualquer Fredy Adu parece ser o novo Messi.
Fazer exercícios de adivinhação não é o meu forte, confesso. E muito menos me fio nas bruxarias que determinam campeões. Assim, à luz do que assistimos até agora, aqui fica uma análise ao caminho que os três grandes percorreram até agora visando o tão ambicionado título, que nenhum dos três quer deixar escapar. O objetivo é comum, mas o caminho para lá chegar, até agora, é totalmente oposto entre os três.
Este primeiro texto analisa a realidade do tetracampeão nacional.
Porta giratória da Luz promete só parar a 31 de agosto
Comecemos então pelo tetracampeão nacional, que mais uma vez tem feito do defeso um momento de corrupio de entradas e saídas do Estádio da Luz. Seguindo uma estratégia que se repete há algumas temporadas, Luís Filipe Vieira procura em primeiro lugar fazer render os seus ativos. Entre janeiro e julho já lá vão mais de 150 milhões em vendas, fazendo do clube o que tem maior receita a nível mundial neste defeso.
As saídas de três elementos fundamentais da defesa encarnada, a juntar a várias falhas defensivas nesta pré-época, com especial enfoque a goleada imposta pelo Young Boys por 5-1, lançou o alerta entre adeptos. Mas como o Benfica tem feito, as saídas são preparadas com antecedência, ou com elementos provenientes do Seixal, que cada vez dá mais cartas e valores de relevo.
É certo que falta um Guarda-Redes, apesar de Júlio César continuar a ser uma mais-valia, mas os seus problemas físicos não deixam ninguém descansado e Bruno Varela parece ainda curto e a requerer mais tempo para evoluir (pessoalmente tenho dúvidas que alguma vez ultrapasse as lacunas que apresenta). No lado direito da defesa tudo estava pronto para Pedro Pereira assumir o lugar, depois de seis meses de maturação na Luz. Porém uma exibição desastrada na goleada frente aos suíços pareceu mostrar algum complexo psicológico que muitas vezes é fatal para jogadores que têm qualidade para outros voos. É ingrato avaliar o jovem defesa em definitivo, mas com a recente aposta em Aurélio Buta, da Equipa B, parece que o internacional sub-20 começa a levar a melhor sobre o jovem que regressou depois de passagem com sucesso aos 17 anos na Série A ao serviço da Sampdória. E ainda há André Almeida que, à partida, será o dono do lugar no arranque.
Ainda o centro da defesa gera preocupações, dada a idade de Luisão e o ano carregado de lesões de Jardel na temporada transacta. Com Lisandro a teimar em somar erros que levantam muitas dúvidas sobre a sua capacidade para vir a ser opção, e dois jovens da equipa B, Ruben Dias e Kalaica, cuja maturidade em lugar tão importante pode ser questionada, apesar do grande sucesso que Lindelof teve em situação semelhante.
Daí para a frente há poucas dúvidas, dado manter-se toda a equipa que conquistou o tetra, à qual se somaram várias novas opções pelo que a dor de cabeça será mesmo saber quem irá ainda sair pois não poderão ficar todos na Luz.
Em resumo, a porta do Estádio da Luz ainda se prevê que continue a girar até ao final do mercado. E a estratégia passa por aí mesmo, continuar a vender e a gerar mais-valias, e com isso dar espaço a que outros valores, vindos da B ou jovens estrangeiros recém contratados: Martin Chrien, Krovinovic (que ainda não se viu por estar a recuperar de lesão), Chris Willock, Haris Seferovic, Diogo Gonçalves e João Carvalho estão todos à espera da sua oportunidade.
Lisandro parece a mais, como referido acima, e Samaris poderá também ser uma boa venda dado que tem valor de mercado e não sobra muito mais tempo para fazer dinheiro com o grego que custou 10 milhões. Um dos avançados deverá também sair agora que chegou Seferovic, que tanto se tem destacado na pré-época, parecendo Jimenez com mais mercado e maior valor financeiro, mas talvez longe dos 60 milhões que Vieira revelou que esperava um dia fazer render com o mexicano. Há também Salvio e Carrillo, o argentino que por lesão falhou por mais do que uma vez a transferência milionária, mas que ainda poderá render uma verba acima de 20 milhões, e o peruano que nunca se afirmou na Luz e que com o excesso de extremos poderá rumar a outras paragens, nem que seja por empréstimo, para garantir a poupança de um dos ordenados mais altos dos encarnados e assegurar uma hipotética valorização do passe tendo em vista uma venda na próxima época, dado que na Luz continuará a ter pouco espaço.
Inversamente, como já referido, vai inevitavelmente entrar um novo guarda-redes e sobra a dúvida se chegarão defesas para o lado direito e para o centro. De resto, só mesmo uma saída poderá ditar mais entradas, o que não será uma inevitabilidade caso Samaris saia, dada a escassez de alternativas para o lugar de Fejsa, ou mesmo Pizzi, o que poderá também não surpreender dado ter custado 14 milhões e estar no ponto alto da carreira, sendo difícil que valorize mais do que o fez na época passada.
As dúvidas são muitas e ao contrário dos rivais, é o clube mais disposto a vender e que menos faz disso um drama. Por isso, é talvez o que só mesmo a 31 de agosto verá a sua contabilidade do plantel fechada.
Uma nota final que tem escapado nas análises que diariamente jornais e sites desportivos fazem quando prevêem as dispensas na Luz. Para ter 25 jogadores inscritos na Champions League, é necessário ter 4 atletas formados na Luz. Na época passada só teve 3 que eram Paulo Lopes, Lindelof e Gonçalo Guedes, baixando esse número para 2 quando Guedes saiu para o PSG. Presume-se que os responsáveis encarnados não queiram novamente ter um número reduzido de inscritos na liga milionária, pelo que entre Varela ou Paulo Lopes, Buta, Ruben Dias, Diogo Gonçalves e João Carvalho, a maioria acabe por integrar o plantel. Um será o Guarda-Redes, e a Varela ou Lopes se juntarão mais 2 ou 3 dos mencionados. E há ainda o pormenor de Horta e Pedro Pereira precisarem de fazer este ano para somar o 3º ano de formação e passarem a contar para a UEFA como formados localmente. Sendo que o lateral direito, poderá consegui-lo ainda mesmo que seja emprestado, desde que para o ano fique no plantel somando o 3º e último ano de formação na Luz. Já Horta não tem essa hipótese pois em caso de empréstimo já nunca contará como formado pelos encarnados.
Para os adeptos a estratégia no defeso não é a mais entusiasmante, quando vêem os rivais da 2ª Circular somar reforços e investir quantias pouco habituais para aqueles lados, mas a verdade é que nos últimos quatro anos a realidade não foi muito diferente e o resultado final foi sempre o mesmo, o título de campeão nacional para os homens da Luz.
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