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domingo, julho 23, 2017
Três caminhos para uma mesma meta - FC Porto
Faltam 15 dias para o arranque da Liga NOS 2017/2018... e 6 semanas para o fim do mercado de Verão. Nesta fase são sempre muitas as expectativas para a nova época. Os adeptos entusiasmam-se com cada toque na bola que um novo reforço dá, com a manchete do jornal que promete mais um craque, mesmo que nunca tenham visto mais do que um vídeo do Youtube desse mesmo jogador, onde facilmente um qualquer Fredy Adu parece ser o novo Messi.
Fazer exercícios de adivinhação não é o meu forte, confesso. E muito menos me fio nas bruxarias que determinam campeões. Assim, à luz do que assistimos até agora, aqui fica uma análise ao caminho que os três grandes percorreram até agora visando o tão ambicionado título, que nenhum dos três quer deixar escapar. O objetivo é comum, mas o caminho para lá chegar, até agora, é totalmente oposto entre os três.
Debruçamo-nos agora sobre os dragões que procuram pôr fim a um ciclo de quatro anos sem títulos.
A aposta forçada na continuidade onde só muda o treinador
Parece contraditório, mas o FC Porto é dos três grandes aquele que menos muda no seu plantel e, provavelmente na sua forma de jogar (mas isso será para análises mais à frente pois é muito cedo para isso), mas foi o único que teve alteração no comando técnico. Sérgio Conceição veio substituir Nuno Espírito Santo e a mudança até tem lógica. Acossados pelo Fair-Play Financeiro da UEFA, os dragões estão em regime de Troika. Ora se não podem mudar quase nada no seu plantel, apostam na chicotada psicológica para tentar levar o barco ao tão desejado porto do título. Um hábito que se enraizou durante três décadas mas que parece ter precisado de muito menos tempo para desaparecer.
Se na análise anterior dissemos que o Benfica era o que mais estava disposto a vender e não via nisso um drama, os azuis e brancos estão menos agradados com a ideia de perder ativos, mas ao mesmo tempo têm essa realidade como uma inevitabilidade dadas as questões financeiras. E mais do que se tem falado da necessidade de vender, o grande drama do FCP é a questão salarial. Uma das obrigações definidas pela UEFA é que a massa salarial não poderá passar os 60 ou 70% (não foi publicamente revelada a % exacta) dos resultados líquidos (sem transferências). Ora se olharmos para o último Relatório & Contas (do 1º semestre de 2016/2017) e estimando o total do ano, atualmente ocupa cerca de 100% o que implicará uma redução de salários na ordem dos 20 a 30 milhões!! Por isso parece surpreendente a manutenção de Iker Casillas e, até ver, de Maxi Pereira, sendo que ambos somam quase 10 milhões por ano na folha salarial portista.
Por isso, a grande incógnita na formação do plantel é quem ainda sairá para que o Porto possa cumprir esta obrigação definida pela UEFA. Alguns jogadores ainda deverão assim sair do Dragão e se tal acontecer, que capacidade financeira terão os da Invicta para ir ao mercado?
Não fosse esta realidade, o mais certo era pouco ou nada mexer. A baliza está bem preenchida, a defesa viu chegar Ricardo Pereira (que é muito cobiçado e ainda poderá sair) e Rafa Soares, ambos vindos de empréstimo, para reforçarem as laterais. E no centro da defesa, a grande mais-valia da equipa na época passada, crescem as opções com Indi e Reyes, muito superiores a Boly.
O meio-campo perdeu Ruben Neves mas o jovem médio pouco foi opção e regressou Sérgio Oliveira. Ou seja, quase tudo na mesma, num sector onde o Porto tem boas opções e vive alicerçada naquele que é para mim a sua maior estrela, o médio Danilo.
O grande calcanhar de Aquiles será o ataque. Já o era no ano passado e a perda de André Silva não antevê melhorias. As opções nas alas são muito poucas e não convencem. Brahimi usa e abusa do individualismo, tornando-o num problema para a equipa, Corona parece manter a sua irregularidade, nunca se sabendo se vai aparecer nos jogos, e Hernâni e Marega não parecem com perfil para voos tão altos, mas deverão ter a oportunidade de contrariar esta opinião. No centro do ataque, Soares tentará pelo menos manter o nível de eficácia da meia época que cumpriu no Dragão e que foi decisiva para permitir a luta pelo título até final e ao seu lado estará o camaronês Aboubakar, numa dupla que promete um ataque demolidor em termos de força, tal a pujança de ambos.
Assim, à partida, os dragões até poderão ser aquele que estará mais estável no arranque dada a aposta na continuidade. Contudo, parecem ser os que menos opções de qualidade terão, em especial no ataque. Resta saber o que acontecerá até 31 de agosto. Em caso de alguma oferta irrecusável, dificilmente os dragões poderão dizer não, com Ricardo Pereira, Marcano, Felipe e Danilo à cabeça para poderem sair.
E há ainda outra questão que poderá ser decisiva para o desenho final do plantel. Marcano, Indi, Reyes e Aboubakar estão todos em final de contrato. Já se percebeu que pela questão salarial acima mencionada, os azuis e brancos são incapazes de garantir a renovação de qualquer deles pois só podem oferecer reduções salariais, ou no limite manter o que já ganham, o que obviamente nenhum dos quatro aceitará pois poderão fazer contratos financeiros muito interessantes já em janeiro como jogadores livres. Como encararão os jogadores a época sabendo que estão apenas a prazo no Dragão? E preferirão os Dragões comprometer ainda mais os seus problemas financeiros, preferindo usufruir um último ano destes jogadores ao invés de encaixar alguns milhões, mesmo que menos do que os jogadores valem pela situação contratual?
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