"Se não os consegues vencer, junta-te a eles". Esta foi a máxima utilizada pelos campeões do mundo para conseguirem finalmente eliminar a besta negra. Joachim Low é o São Jorge da Alemanha. Depois de ter posto fim à besta negra Brasil no último Mundial, e logo com um histórico 7-1, agora foi a vez de pôr fim à maldição italiana, apesar de só o ter conseguido no desempate por grandes penalidades.
Para muitos, esta era a final antecipada do Euro 2016. Mas no jogo jogado não o foi. Não seria expectável outra coisa. De um lado uma Itália que tem sido fiel ao estilo cínico de jogar, que só tinha sofrido um golo e no jogo frente à Irlanda, em que jogou quase só com suplentes, e do outro a Mannschaft, campeã do mundo, que não tinha sofrido um único golo ainda neste Euro 2016 e que tirando o último jogo com a Eslováquia, não havia mostrado o seu melhor futebol.
Era previsível que o jogo tivesse poucos golos. Ou nenhum. E a estratégia alemã ainda mais o indiciou. Low optou por mudar a cara da campeã do mundo, com uma estratégia bem mais conservadora do que é habitual. Depois de ver a forma como a Itália bateu a Bélgica e a Espanha, o técnico alemão, famoso por comportamentos pouco higiénicos, preferiu que a poderosa Alemanha vesti-se uma pele alternativa. O sistema tático foi quase igual ao italiano, ainda que os três centrais só passassem a ser assumidos no segundo tempo.
O primeiro teve poucos motivos de interesse, com apenas nos cinco minutos finais a surgir uma oportunidade de golo para os italianos, num remate de Sturaro desviado por um defesa alemão quando a bola ia a caminho do fundo das redes de Neuer.
E como fechou a primeira parte, abriu a segunda, mas desta feita com Muller à beira do golo, mas um defesa italiano desviou a bola no último segundo. Num jogo tão tático e com duas equipas tão encaixadas, estes lances foram uma espécie de um oásis no deserto.
Dez minutos depois, chegava o golo que quebrou o ferrolho da partida. Gomez fugiu da zona do ponta-de-lança, fez um passe genial que rasgou uma defesa italiana que não se desposiciona mais do que uma ou outra vez por jogo, Hector centrou e um desvio em Bonucci permitiu a Ozil fuzilar Buffon.
O golo alemão desnorteou os italianos, que pela primeira vez neste Europeu tremeram seriamente. A Alemanha quase marcava o segundo poucos minutos depois e pensou-se que uma Itália obrigada a ir atrás do prejuízo seria incapaz de reentrar na partida. Puro engano! Pellè esteve à beira do empate três minutos antes do disparate de Boateng, que fez penalty por mão na bola e permitiu a Bonucci empatar o encontro.
A Itália retomou a confiança e ainda fez a Alemanha tremer em duas ocasiões mas a verdade é que pouco há a destacar em todo o prolongamento, com ambas as equipas a voltarem ao estilo cauteloso que pautou grande parte do jogo.
Só mesmo os penalties poderiam resolver este jogo tão equilibrado e com poucos momentos de emoção. E foi nas grandes penalidades que se assistiu ao melhor da partida. Com vários jogadores a falharem, trocas de vantagem e a decisão a chegar apenas ao 18º penalty, com Jonas Hector a faturar, depois de Darmian ter permitido ao gigante Neuer brilhar.
Quem vencesse hoje dava um importante passo para a vitória no Europeu porque deixava para trás um dos grandes favoritos da competição. A Alemanha é sem dúvida o grande favorito e parece que apenas a França poderá travar os campeões do mundo de imitarem o que a Espanha fez há seis anos, quando juntou o Mundial ao Europeu. Os germânicos poderão repetir o feito, mas ao contrário, pois neste caso o Europeu viria depois do Europeu.
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