A capacidade de inventar de Luís Filipe Scolari quase é merecedora de um prémio Nobel. Os equívocos são tantos que é difícil saber por onde começar. Depois de passar toda a fase inicial com o erro Paulinho como motor (gripado) do jogo da canarinha, que obrigava Neymar a vir construir ao grande círculo, rendeu-se à boa meia-hora de Fernandinho frente aos Camarões e finalmente deu a titularidade ao médio do City. Parecia que o laboratório de erros do Filipão tinha chegado ao fim... puro engano.
Mudou o sistema para um 4-4-2 e continuou a insistir na mais ridícula opção de todas, Hulk sobre o lado esquerdo. Provavelmente o selecionador brasileiro é o único homem do futebol que desconhece que o ex-portista é incrível à direita e incrivelmente mau à esquerda. Torna-se previsível, puxa a bola sempre para a linha, onde não tem capacidade de remate nem de cruzamento. E à direita, o ala??? Óscar, que perde toda a sua capacidade criativa encostado a uma linha.
Com estas invenções, obviamente o Brasil teve muitas dificuldades. Apesar de no início até ter sido mais perigoso, com Neymar como homem mais adiantado e Fred perdido dentro do campo, num posicionamento difícil sequer de entender. A estrela da canarinha surgiu algumas vezes nas costas do trio de centrais chileno e esteve perto do golo por mais do que uma ocasião.
Golo que não tardaria a chegar. Um autogolo de Jara, na sequência de uma bola parada, após desvio de Thiago Silva ao primeiro poste. Um golo quando o Brasil tinha ligeiro ascendente, mas que foi o pior que poderia acontecer à formação da casa.
Num jogo que pouca qualidade tinha, com faltas em catadupa (quase não houve um minuto seguido de jogo na primeira meia hora), o Brasil veio para trás e ofereceu o resto do jogo aos chilenos, que em um quarto de hora empataram, obviamente pelo seu génio, Alexis Sanchez, num golo de bom recorte técnico.
E daqui para a frente o domínio chileno foi absoluto, com o Brasil atrás da linha da bola quase todo o segundo tempo. Mas isso não significa que o perigo tenha rondado a baliza de Júlio César. As oportunidades foram poucas e o grande bruá foi o golo anulado a Hulk, por dominar a bola com a mão antes de a introduzir no fundo das redes de Cláudio Bravo.
Seguiu-se mais meia hora de jogo pouco interessante, onde todos pareciam esperar pelos penalties, que chegariam, não sei antes a Nossa Senhora do Caravaggio ter voltado a proteger o mais criativo de todos aqueles que pisaram o relvado (neste caso, fora das quatro linhas). Remate do ex-Sporting Pinilla, que havia entrado no final do segundo tempo, e a bola a bater com estrondo na barra de Júlio César, com poucos segundos a distar do minuto 120.
O estádio gelou mas estava visto que a santinha preferida de Scolari não lhe vira as costas. E seria novamente o ferro a salvar a canarinha. Depois de dois penalties falhados para cada lado, Jara, o homem que fez o golo do Brasil, voltou a provocar a festa da nação brasileira, ao atirar ao poste esquerdo da baliza de Júlio César.
O Brasil segue para os Quartos, mas continua a mostrar muito pouco para quem sonha com o troféu. Por muita fé que o povo tenha (e se tem), não há santa que valhe tanto... O Chile sai de cabeça erguida e com a certeza de que foi uma das melhores equipas deste Mundial. Fez um pouquinho mais por merecer a sorte que lhe virou as costas no momento da decisão, apesar de acabar por ser justo a decisão pela lotaria, dado que nenhuma das equipas mereceu claramente seguir em frente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário