Praticamente todos os jogos disputados às 13h no Brasil (17h em Portugal Continental) foram os mais fracos deste Mundial. Muito calor, pouca rapidez e até os inovadores "Cooling Breaks", não vá alguém chegar ao limite da desidratação. Este jogo não foi diferente. Lento, previsível e com muito poucos motivos de interesse. Uma ponta final até à última gota de suor levou a Holanda para os oitavos-de-final, quando poucos já esperariam o volte-face. Mas ninguém pode negar que o México pôs-se a jeito do ácido sabor da laranja.
As oportunidades foram poucas em todo o jogo, pelo menos até ao tento inaugural (e que golo!) de Giovani dos Santos, no início do segundo tempo. O México teve o domínio consentido do jogo (esta Holanda parecia não saber assumir um jogo até que se viu obrigada a tal) em todo o primeiro tempo mas apenas incomodou com alguns remates de fora da área e uma oportunidade de Gio dos Santos que o guardião holandês respondeu à altura.
A Holanda voltava ao seu estilo mais cínico, um catenaccio do centro da Europa, mas que parece um predador à espera do primeiro deslize da sua presa. E foi assim que criou o único lance de perigo, num mau passe dos mexicanos que deixou Robben com apenas dois dos três centrais contrários pela frente. O avançado holandês apenas foi travado em falta, mas o árbitro português Pedro Proença mandou jogar... compensaria os europeus à beira do fim.
Apenas após o golo dos aztecas, a laranja mecânica se viu obrigada a fazer pela vida. E a questão que ficou é porque não assume assim as partidas. É que teve várias oportunidades consecutivas, que adivinhavam o empate a qualquer momento. Isto se na baliza do México não estivesse uma das figuras deste Mundial, Guillermo Ochoa, uma autêntica parede que travou tudo o que era possível e impossível. Com reflexos felinos, fez desesperar a mancha laranja que ocupava boa parte do estádio de Fortaleza. Apenas não conseguiu parar o golo de Sneijder, a três minutos do fim, quando já ninguém parecia acreditar numa alteração no marcador. Um remate de primeira, de ressaca num canto, indicava que o prolongamento seria inevitável. E seria, não fosse o erro grave de Pedro Proença (terá queimado aqui a esperança de chegar à final do Mundial, que tanto ambicionava?). Robben volta a cair na área, com 4 minutos de tempo de compensação jogado, mas desta vez sem falta. Uma mão lavou a outra e Huntelaar não despediçou a oportunidade e consumou a cambalhota.
A postura mexicana após o seu golo acabou por tornar justo este desfecho, apesar do prolongamento se adequar na perfeição (o jogo é que provavelmente seria penoso dado o cansaço e calor abrasador). Esta tendência de muitas equipas de desistirem de jogar após estarem em vantagem é difícil de compreender. Com praticamente todo o segundo tempo por jogar, os mexicanos refugiaram-se no seu último reduto, contrariando o ADN da equipa. O castigo foi muito duro mas para se defender um resultado é fundamental ser-se forte a defender e como se viu não é essa a maior força dos americanos. Não fosse Ochoa e a reviravolta teria acontecido mais cedo.
A Holanda continua a demonstrar que apesar do seu valor, é ainda muito verde, com vários jogadores inexperientes em termos internacionais. Estiveram quase fora do Mundial, mas com o vencedor do Costa Rica-Grécia, surgem como o mais forte candidato a atingir as meias do torneio dado o presumível desequilíbrio com o seu potencial adversário. Isto a menos que a Costa Rica siga em frente e continue a ser o cangalheiro dos gigantes europeus.
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