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quinta-feira, março 09, 2017
Um filme já antes visto
O resultado que o Benfica fez em Dortmund não me parece de todo anormal, o que me parece desajustada da realidade é a maneira como o tricampeão nacional se apresentou na Alemanha. Com medo, com cautelas e um sistema de jogo totalmente diferente daquele que costuma utilizar e também do que normalmente treina.
Isto faz-me lembrar aquela velha moda dos treinadores portugueses de reforçar o meio-campo sempre que jogavam diante de colossos europeus. Por não ter feito isso é que José Mourinho teve sucesso, mas também é preciso saber fazê-lo. Que o diga Jorge Jesus que raramente deixou de utilizar o 4-1-3-2, principalmente no Benfica, mas sem o saber adaptar às exigências de uma competição de uma cilindrada mais elevada e que nada tem a ver com o futebol português.
O Benfica do presente exibe uma dupla faceta; forte com os fracos e fraco com os fortes. Antes de expressar o meu raciocínio sobre este Benfica nada há a apontar a Rui Vitória, cujo trabalho tem superado todas as expetativas. Feita esta declaração, sou obrigado a dizer que com adversários de poderio semelhante ou superior, e com este treinador, o Benfica apenas se mostrou mais forte em casa com o FC Porto na época passada - para mim o melhor jogo em futebol explanado no relvado na era Rui Vitória - e perdeu.
Nesta temporada em Nápoles, o Benfica já tinha jogado com André Almeida no meio-campo, ontem voltou a fazê-lo. E nos dois jogos encaixou quatro golos, amenizados em Itália por uma boa ponta final.O problema não é André Almeida, um dos futebolistas mais injustiçados do futebol português. A grande questão é que não se pode ter dois jogadores - André Almeida e Samaris - posicionados à frente da defesa sem qualquer capacidade de construção. O Benfica, em Dortmund, só mostrou algum critério quando Pizzi baixava e assumia as rédeas do jogo.
Como disse, e bem, Carlos Daniel (ver vídeo com a sua análise em baixo), o Benfica não pode jogar à Tondela no campo do Dortmund, como, afinal de contas, Pizzi deixou sub-entendido no final do encontro ao reconhecer que a estratégia passava por aguentar defensivamente e depois tentar um golo no contra-golpe.
Fico com a sensação que com alguma ambição o Benfica podia ter seguido em frente. Ou então, bastando-lhe ser igual a si próprio. Porque sempre pensei que o Dortmund se quisesse apurar-se teria que fazer sempre três golos pois não estava a ver o Benfica a sair da Alemanha sem marcar.
Esta falta de competitividade das equipas portuguesas na Europa do futebol tem-se vindo a acentuar - o Benfica e o Sp. Braga da última temporada são as exceções - e tem muito a ver, na minha opinião, com a falta de qualidade do nosso campeonato. Enquanto os clubes mais pequenos não abandonarem o servilismo aos grandes, com empréstimos e relações menos saudáveis, jamais teremos um campeonato forte. E sem um campeonato forte, não podemos ter as nossas melhores equipas preparadas para dar cartas na UEFA.
O próprio V. Guimarães, que é um clube com uma identidade muito própria e com massa adepta que não coloca nenhum dos grandes acima do emblema da terra, tem jogadores emprestados por FC Porto e Benfica como já teve na época passada do Sporting. E se é assim com o V. Guimarães, não se pode levar a mal que outros clubes adotem a mesma política.
Haverá vontade de mudar?
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