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sábado, setembro 09, 2017
Contabilidade criativa
Aos adeptos de futebol pouco ou nada interessam as contas. Interessa se ganham, se perdem, se jogam bem ou mal. A maioria é leiga em matéria económica e nem sequer tem qualquer interesse nisso. Desde que a bola entre, tudo vai bem. Se não entra, as contas continuam a ser a última coisa para a qual olham. O problema maior é que sem contas bem geridas, a bola deixa de entrar, a equipa deixa de jogar, e corre riscos maiores...
Vem esta introdução a propósito da apresentação de contas da SAD do Sporting Clube de Portugal. E merece uma segunda introdução, a ignorância dos jornalistas desportivos em ler os resultados que lhes são apresentados, e incapacidade em fazerem as questões que realmente importam, ao invés de tomarem como bons os destaque que o clube lhe apresenta. Isto é válido para o Sporting, como qualquer outro clube. Até jornalistas económicos chegam a ignorar os pontos negativos de um R&C se forem bem mascarados por uma qualquer empresa de topo de qualquer sector da indústria portuguesa... e falo por experiência própria.
Bom, foi esta quinta-feira que Bruno de Carvalho e a sua direção apresentaram aos jornalistas os números do último exercício, algo que costuma só acontecer no início de outubro. E o maior elogio que pode ser feito a estas contas é que quem as apresentou tem uma capacidade na área da cosmética acima da média. Essencialmente porque quem recebe a informação não percebe nada do que está a ouvir nem a grande maioria de quem lê as notícias que são produzidas por estes.
Destacou Bruno de Carvalho que as vendas foram as melhores de sempre (o que é verdade mas omitindo que cerca de 30% do seu valor total não entrou nos cofres do clube, o que contrasta com a sua afirmação de que não aceita intermediários nem paga comissões), que as receitas de TV dobraram (esquecendo-se de referir que antecipou 30 milhões de um contrato que nem sequer entrou em vigor, hipotecando já 60 milhões do contrato celebrado há um ano, o chamado Factoring). E a obra de arte acaba por ser contabilizar receitas da participação na Champions que foram todas penhoradas pois dizem respeito à dívida à Doyen (17M€) pelo que o dinheiro em causa nunca entrará nas contas do clube ou deviam aparecer noutra rubrica que não a das receitas.
A esta contabilidade criativa, pasme-se, considera o líder do clube que inverteram a tendência do seu antecessor, de má gestão, quando o passivo do Sporting aumentou mais de 60 milhões num ano só! Foi assim também com o FC Porto no último ano e viu-se onde terminou essa gestão com a intervenção da UEFA. E desde que Bruno de Carvalho está à frente dos destinos do clube já aumentou o passivo em 100 milhões.
Os resultados anuais, sem transferências, dão um prejuízo de 17 milhões, muito graças a um aumento exponencial dos custos com salários (15M€), bem demonstrativo do forte investimento no plantel, que supera já os 60M€ com custos salariais. E no próximo ano estarão nestas contas Coentrão, Matthieu e Doumbia, que juntos superam os 10M€/ano de massa salarial o que atirará estes custos para valores superiores aos 75M€.
Este investimento também é visível nas aquisições para a presente época, com Bruno Fernandes, Doumbia, Battaglia, Mattheus Oliveira e Piccini a ultrapassarem os 40 milhões gastos, a que se junta Acuña que fará disparar este valor para cima dos 50 milhões!
O resultado final é positivo, 30 milhões de euros, mas se descontarmos o valor das receitas da UEFA, esse valor reduz-se para 12 e contando que 30 são provenientes de receitas de TV de anos futuros, o que fará com que daqui a uns anos já não haja receitas para antecipar, o cenário deve ser preocupante para os adeptos dos leões que certamente não quererão passar por outro risco de falência como há uns anos. A dívida foi negociada e transformada em VMOC's mas daqui a 9 anos terão de ser adquiridas ou o clube perderá a posição maioritária. Ora coincidindo isso com a altura em que as receitas de TV já foram todas antecipadas (se mantiverem este ritmo), a questão será qual o futuro dos leões. Ou os sócios deixam de ter maioria ou o final pode ser negro...
P.S.: De referir que esta criatividade não surpreende quando o clube anuncia a venda de Adrien por valores que podem atingir os 29,5M€ mas só 20 são garantidos, 5 são por objetivos e 4,5 referem-se ao facto do jogador ter abdicado de verbas a receber com uma eventual venda. Ou seja, deixou de haver um hipotético custo... mas esse dinheiro jamais é lucro ou receita pois nunca entrará nos cofres.
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13 comentários:
Haveria tanto por perguntar se houvesse conhecimento e acima de tudo, vontade!
Como é que num ano de vendas por valores record se aumenta o passivo em 60M? Porque motivo teve de se pedir o adiantamento de 30M de receitas TV? Como é que se explica que em 3 anos os resultados operacionais da SAD tenham passado de +10M para -22M?
Como é que os activos subiram mais de 100M em um ano?
An so on...
Os Sportinguistas terão de continuar a levar com o bdc e restante familia mais uns anos até que finalmente se livrem dele e dos habilidosos.
O valor pra doyen já não tinha sido provisionado no RC anterior? Logo por que dupla tributação?
A divida a Doyen contou como "custo" nas contas?
A teoria financista do Braz da TVI sobre o "déficit positivo" está a ganhar adeptos. Um texto de um ignorante em contabilidade e finanças, ainda por cima escrito num português manhoso.
Post muito ignorante, nem me vou dar ao trabalho de explicar ao Sr. Pedro, ponto por ponto. Mas acabou de fazer má figura.
Limite-se a comentar as contas do Benfica, que tem muito mais por explicar.
Provisionar é uma coisa... pagar é outra completamente diferente. Mas já agora, esse valor ainda não está pago e aparece nas contas como lucro.
Ao autor do texto, apenas um conselho: "Contabilidade para idiotas", pode ser que aprenda alguma coisa...
Caro João Malha
este texto tem muitas falhas no que toca a conceitos contabilísticos básicos. Não vou nem nunca entro por insultos ou por críticas destrutivas mas um texto destes é dar razão aqueles que dizem que existem sócios que gostam de dizer mal só porque sim.
Não votei no atual presidente e em certos aspectos encontro-me no oposto da atuação dele. Mas no que toca à gestão económica do clube (que é um conceito diferente da gestão financeira) existem muitos mais aspetos positivos que negativos. E nas contas de 16/17 isso é muito evidente.
Concluo dizendo que considero importante os blogs abordarem este tema porque muitos poucos sócios estão bem informados sobre a situação real do clube/sad.
Miguel então esclareça
Sou revisor oficial de contas por isso posso dizer que este artigo é um valente conjunto de asneiras contabilísticas. Cada qual deve focar—se na sua arte.
Blog: Destacou Bruno de Carvalho que as vendas foram as melhores de sempre (o que é verdade, mas omitindo que cerca de 30% do seu valor total não entrou nos cofres do clube, o que contrasta com a sua afirmação de que não aceita intermediários nem paga comissões).
Minha opinião: O Sporting SAD foi o primeiro clube a evidenciar no R&C as comissões pagas nas transações de jogadores. Os 30% não faço ideia de onde vêm.
Blog: que as receitas de TV dobraram (esquecendo-se de referir que antecipou 30 milhões de um contrato que nem sequer entrou em vigor, hipotecando já 60 milhões do contrato celebrado há um ano, o chamado Factoring).
Minha opinião: o facto de receber antecipadamente ou na altura a que diz respeito a receita não invalida que seja mesmo uma receita. Na página 145 vê-se que o factoring foi de pouco menos de 30 milhões. Não entendo os 60 milhões referidos.
Blog: E a obra de arte acaba por ser contabilizar receitas da participação na Champions que foram todas penhoradas pois dizem respeito à dívida à Doyen (17M€) pelo que o dinheiro em causa nunca entrará nas contas do clube ou deviam aparecer noutra rubrica que não a das receitas.
Minha opinião: O facto de ter sido penhorado não implica que deixe de haver a receita. Significa que o recebimento dessa receita tenha sido utilizado para o pagamento de uma dívida. A participação na Champions contabiliza receita de 17M€ contra uma dívida a receber da UEFA. Depois essa dívida a receber da UEFA é anulada com a contrapartida da eliminação da dívida à Doyen. Este último movimento não tem impacto em custos visto já ter sido criada a provisão o ano passado.
Blog: A esta contabilidade criativa, pasme-se, considera o líder do clube que inverteram a tendência do seu antecessor, de má gestão, quando o passivo do Sporting aumentou mais de 60 milhões num ano só! Foi assim também com o FC Porto no último ano e viu-se onde terminou essa gestão com a intervenção da UEFA. E desde que Bruno de Carvalho está à frente dos destinos do clube já aumentou o passivo em 100 milhões.
Minha opinião: O resultado de qualquer sociedade é decorrente variação do ativo subtraído da variação do passivo. O que aconteceu foi que o passivo aumentou de facto mas associado a um aumento ainda maior do ativo. Fico de facto pasmado como podemos encarar isto como negativo.
Blog: Os resultados anuais, sem transferências, dão um prejuízo de 17 milhões, muito graças a um aumento exponencial dos custos com salários (15M€), bem demonstrativo do forte investimento no plantel, que supera já os 60M€ com custos salariais. E no próximo ano estarão nestas contas Coentrão, Matthieu e Doumbia, que juntos superam os 10M€/ano de massa salarial o que atirará estes custos para valores superiores aos 75M€.
Minha opinião: Os valores estão corretos. Significa que o maior investimento de sempre no plantal do nosso clube implica obter nesse mesmo ano um valor de mais valias superior a esse valor. Em 16/17 o resultado de 30 milhões evidencia que foi largamente ultrapassado esse marco. Em 17/18 a venda do Adrien deu já 24,5 milhões de mais valia. E é preciso não esquecer que ainda temos o mercado de inverno e o mercado de verão até 30 de junho.
Blog: O resultado final é positivo, 30 milhões de euros, mas se descontarmos o valor das receitas da UEFA, esse valor reduz-se para 12 e contando que 30 são provenientes de receitas de TV de anos futuros, o que fará com que daqui a uns anos já não haja receitas para antecipar,
Minha opinião: a antecipação de receitas não impacto nos resultados (exceto os custos com o factoring que penso não serem relevantes para a análise). Obviamente preferia não ter essa antecipação mas pelo que vi ela aconteceu em 15/16 e em 16/17 já não aumentou.
Blog: o cenário deve ser preocupante para os adeptos dos leões que certamente não quererão passar por outro risco de falência como há uns anos. A dívida foi negociada e transformada em VMOC's mas daqui a 9 anos terão de ser adquiridas ou o clube perderá a posição maioritária. Ora coincidindo isso com a altura em que as receitas de TV já foram todas antecipadas (se mantiverem este ritmo), a questão será qual o futuro dos leões. Ou os sócios deixam de ter maioria ou o final pode ser negro...
Minha opinião: A questão da antecipação está errada conforme expliquei atrás. A questão das VMOCS será resolvida facilmente com novo financiamento externo. Aí não teremos o problema dos capitais negativos pelo que será fácil. E alguém acredita que os bancos querem fazer parte da estrutura acionista?
Blog: P.S.: De referir que esta criatividade não surpreende quando o clube anuncia a venda de Adrien por valores que podem atingir os 29,5M€ mas só 20 são garantidos, 5 são por objetivos e 4,5 referem-se ao facto do jogador ter abdicado de verbas a receber com uma eventual venda. Ou seja, deixou de haver um hipotético custo... mas esse dinheiro jamais é lucro ou receita pois nunca entrará nos cofres.
Minha opinião: O custo com os 4,5 milhões já foi registado. Se não tivesse sido registado não haveria a dívida. Ao ter sido abdicado existirá uma receita extraordinária e obviamente um impacto no resultado líquido de 4,5 milhões.
Sendo a minha única fonte de informação o R&C da SAD assumo que possa não estar a ser 100% correto na minha análise, mas a opinião do caríssimo João Malha ....
Conta 293: Provisões para processos judiciais em curso. Como é que aoarece com um lucro?? Você deve ser um grande artista. Aliás o Aprovisionamento está a ser feito por resultados detidos pela UEFA e que estão completamente aprovisionados pelos resultados de 2016, ou seja os ganhos recentes da epoca de 2017/2018 na Liga dos campeões já não são alvo de retenção. Ao autor deste blogue/artigo falta-lhe conhecimento (inclusivé básico) contabilistico assim como factos sobre a realidade do que está a divulgar. Por exemplo as contratações do SCP custaram 30,6M€ enquanto as vendas foram de cerca de 48ME que a 70% representam 34ME.
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