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domingo, maio 31, 2015
Madrugadas de sonho
É do outro lado do mundo que a seleção nacional Sub-20 luta pelo título de campeã do mundo. Na Nova Zelândia a formação lusa procura repetir algo histórico do futebol português, o seu momento mais ímpar, que teve lugar em 1989 primeiro, na Arábia Saudita, e dois anos depois em Lisboa. O título de campeão do mundo, algo que Portugal nunca conseguiu em nenhum outro escalão. Há quatro anos na Colômbia esteve perto de chegar ao terceiro título, caindo apenas na final contra a seleção do Brasil, que assim vingou a derrota da final do Estádio da Luz em 1991, que deu origem à geração de ouro.
Poderá a história repetir-se? Obviamente isso é difícil mas olhando para o talento desta geração e principalmente daquela que competirá no Mundial Sub-20 de 2017, poderemos estar a olhar para a nova geração de ouro do futebol nacional. E por isso, quem sabe se não poderemos pensar numa nova dobradinha de títulos? Esta primeira seleção é sem dúvida mais talentosa que a de 1989, que era acima de tudo operária, com alguns talentos acima da média (João Vieira Pinto, Paulo Sousa e Fernando Couto). A geração sub-18 que daqui a dois anos poderá estar no Mundial da Coreia do Sul é sem dúvida o crème de la crème do futebol português. Mas sobre eles terei tempo e oportunidades várias para falar no futuro. Vamos antes ao jogo de hoje e a uma seleção que nos faz sonhar com várias madrugadas de sonho nas próximas duas semanas!
Vitória inequívoca frente ao Senegal, com uma vantagem conseguida em menos de 30 segundos!! A confirmação dos três pontos chegou apenas nos segundos finais da partida, com mais dois golos, ambos com o recém entrado Nuno Santos como denominador comum, primeiro a assistir e depois a faturar, ele que apenas jogou cinco minutos!
A formação de Hélio Sousa assenta o seu jogo num último reduto muito coeso, mas que tem no centro do campo o seu coração. Tomás Podstawski é o pêndulo desta equipa. O homem invisível. A sua ação quase passa despercebida aos menos atentos, mas é ele quem fecha à frente da defesa, quem recupera dezenas de bolas e dá início ao jogo de ataque. E é o capitão de equipa. Um registra à antiga que claramente merece ser chamado à equipa principal do FC Porto.
Ao seu lado o homem do jogo, Raphael Guzzo. Luso-brasileiro que desde muito cedo cresceu na cidade de Chaves (e onde jogou este ano), esteve discreto na primeira metade, mas na segunda encheu o campo. Correu quilómetros, distribuiu jogo, atirou uma bomba à barra e ainda teve uma iniciativa individual deliciosa que André Silva não conseguiu converter em golo. O médio do SL Benfica está num grande momento e poderá ser um 8 de referência no futebol português. Fala-se que poderá ser integrado no plantel encarnado na próxima época, tendo em conta a aposta anunciada pelo presidente dos campeões nacionais na formação. Seria de inteira justiça. Mas que seja para jogar ou ir jogando e não para fazer número.
O terceiro e último destaque vai para o ponta-de-lança André Silva. Tem tudo para ser o homem que desde sempre rareou no futebol português. É alto, tem grande sentido de oportunidade (apesar de ter estado bastante perdulário esta madrugada, acabando apenas no final por conseguir contrariar a má pontaria e finalmente marcar à ponta-de-lança, num grande cabeceamento). André Silva é super completo. É alto, joga bem de cabeça, aguenta bem os defesas contrários a jogar de costas para a baliza, mas ao mesmo tempo é rápido, sai bem da área abrindo espaços para os colegas romperem. Nélson Oliveira prometeu ser o tão esperado ponta-de-lança que durante décadas não existiu em Portugal. Até hoje, por erros próprios e falta de oportunidades, não conseguiu sê-lo. Caso falhe, André Silva poderá ser esse homem.
Estes são os três destaques, mas todos merecem uma palavra. Na baliza André Moreira esteve sempre seguro e para tal contribuiu uma defesa muito coesa, onde os centrais João Nunes e Domingos Duarte são os esteios, com o primeiro, jogador do SL Benfica, a merecer maior destaque por alguns cortes de relevo, qual muralha intransponível. Nas laterais, Riquicho, do Sporting foi mais afoito que Rafa no lado esquerdo, mas ambos foram muito consistentes defensivamente.
Quanto aos três criativos, Gelson Martins e Gonçalo Guedes nas alas e Ronny Lopes no meio, não deslumbraram e apesar de bons pormenores e do golo do leão Gelson aos 24 segundos, têm valor para muito mais, o que é demonstrativo do potencial ainda maior que esta seleção apresenta.
Palavra final para o ala Nuno Santos. O jogador do SL Benfica que se supunha poderia ser titular no lugar de Gelson Martins, jogou apenas cinco minutos, mas do seu pé esquerdo saíram um cruzamento para golo de André Silva e depois a finalizar uma jogada de contra-ataque. O extremo luso é um jogador extremamente talentoso que segundo a comunicação social também poderá integrar o plantel do Benfica na próxima época. Talento não lhe falta!
Grande entrada de Portugal no Mundial Sub-20 da Nova Zelândia. Um vitória sobre o Catar na próxima madrugada de terça para quarta poderá significar já o apuramento para os oitavos. Depois do título de vice-campeões europeus sub-19 há um ano, esta seleção faz-nos sonhar com outros voos... Que venha mais uma madrugada embalada por quem nos faz sonhar acordados.
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